Gilmar Mendes destacou que as investigações conduzidas pela Polícia Federal apresentam “bastante concretude” nas evidências reunidas
“Há a ideia de que, em princípio, atos preparatórios nada têm a ver com a eventual prática de crime. Só que, nesses casos de crimes contra o Estado de Direito e crimes contra a própria democracia, normalmente nós falamos de atos preparatórios que já são criminalizados”, explicou Gilmar Mendes. “Até porque se o crime é bem-sucedido, ele se complementa. Na verdade, nós não vamos ter mais o Estado de Direito. Aquela situação que era ilícita passa a ser lícita. Nós vamos ter uma nova ordem.”
O ministro enfatizou que as ações identificadas pelas investigações vão além de ideias ou intenções abstratas. “As coisas foram muito além de atos puramente preparatórios, como se fossem atos cerebrinos. A gente pode pensar assim: ‘Poxa, que vontade de dar um tiro em alguém’. Fiquei no livre pensar. Mas não era disso que se tratava.”
“Quando há dinheiro entregue para kids pretos, se isto ocorreu de fato; se pessoas foram monitoradas para eventualmente serem presas ou eliminadas; [se houve] documentos e atos. As pessoas estavam nos prédios acompanhando. Nós temos bastante concretude nessas medidas. ‘Ah, por que não realizou?’ Porque desistiu ou porque foram aconselhados… Tudo isso é extremamente grave e será devidamente examinado”, afirmou.
Entre os pontos destacados, o ministro mencionou a descoberta de documentos impressos em equipamentos do Palácio do Planalto, comunicações entre envolvidos e o uso de recursos públicos. “A investigação é bastante consistente. Acha documentos impressos em impressoras do Palácio do Planalto, comunicações entre essas pessoas, envolvimento dessas pessoas. E todos tinham cargos públicos. Então tudo isso é bastante sério”, acrescentou.
As declarações do ministro reforçam a seriedade do inquérito e sublinham os desafios enfrentados pelo sistema judiciário no combate a ações que atentam contra a democracia.
Da Redação