Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro deve ser questionado sobre ‘omissões e contradições’ em audiências anteriores
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, vai prestar um novo depoimento nesta quinta-feira à Polícia Federal. O interrogatório foi marcado para as 15 horas na superintendência da corporação, em Brasília. Ele deve ser questionado sobre “omissões e contradições” apontadas pela PF em seus depoimentos relacionados ao suposto plano de golpe articulado no Palácio do Planalto, no fim de 2022.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que a nova
oitiva — a décima primeira desde que Cid foi preso em 2023 é um desdobramento do depoimento que ele
prestou ao ministro do STF Alexandre de Moraes, em 21 de novembro. Na ocasião,
a colaboração de Cid estava passando por uma reanálise e havia o risco de ele
ter o acordo anulado.
Fruto dessa reinquirição, entendeu o ministro por bem de
manter a integridade dessa colaboração, sem prejuízo dessa decisão de que nós
ouçamos de novo o colaborador disse Andrei, em conversa com jornalistas nesta
quarta-feira.
Andrei esclareceu ainda que a PF não pediu a rescisão da
delação, mas enviou um ofício ao Supremo apontando “circunstâncias” dos relatos
de Cid.
Quem decide pela validade (da colaboração) não somos nós. Nós
nos manifestamos só a respeito do quanto o delator contribuiu ou não. A decisão
é do Poder Judiciário – complementou Andrei.
A defesa de Cid diz que ele continua à disposição das
autoridades para prestar todos os esclarecimentos que lhe forem perguntados.
Cid já foi indiciado junto com o ex-presidente Jair Bolsonaro
e outras 35 pessoas pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de
abolição do Estado Democrático de Direito e organização criminosa no âmbito da
investigação sobre a trama golpista. Essa apuração foi concluída e remetida à
Procuradoria-Geral da República (PGR) na última semana.
O inquérito ainda deve receber alguns complementos
relacionados à mobilização de militares da elite do Exército, os chamados kids
pretos, na execução de um plano para capturar o ministro do Supremo Tribunal
Federal Alexandre de Moraes.
Existe o inquérito
principal que foi concluído e relatado. E tem as PETs (petições) que são
anexadas a esse inquérito. Há mais de uma que guarda ali todas essas
diligências que são feitas afirmou o
diretor-geral, deixando claro que ainda há ações em curso na investigação.
Há duas semanas, Cid já havia prestado depoimento à PF sobre
mensagens que ele havia apagado de seu celular e a descoberta de um plano
chamado “Punhal Verde e Amarelho”, que previa matar o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o próprio Moraes. A defesa do militar
afirmou que ele não tinha nenhum conhecimento sobre essa trama.
Após a oitiva na PF, Cid foi recebido em uma audiência com
Moraes, na qual ele confirmou a realização de uma reunião na casa do
ex-ministro da Defesa e da Casa Civil Walter Braga Netto para tramar um golpe
de Estado. Ele, no entanto, voltou a negar ter conhecimento sobre o plano de
assassinato, conforme a sua defesa. De acordo com as investigações da PF, o
apartamento do general sediou discussões sobre a trama, em 12 de novembro de
2022.
Da Redação