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Escritor critica omissão da mídia tradicional e alerta para estratégias de extrema direita, como gaslighting

Montagem a partir do gesto de Musk na posse de Trump (Foto: Divulgação)

 Em artigo publicado pela Folha de S. Paulo, o escritor Sérgio Rodrigues fez duras críticas ao comportamento de Elon Musk, afirmando que o bilionário sul-africano realizou e repetiu uma saudação nazista durante a cerimônia de posse de Donald Trump, na última segunda-feira (20). Segundo Rodrigues, o gesto não deixou margem para dúvidas e foi uma clara provocação destinada tanto a energizar neonazistas quanto a confundir críticos.

“O braço estendido do dono do X cumpre função dupla. De um lado, acena para o submundo onde rastejam neonazistas e supremacistas brancos, dando-lhes aval e incentivo. Do outro, busca confundir quem se chocou com o que viu, negando ser o que evidentemente é”, escreveu o autor. Para ele, trata-se de uma manobra deliberada e calculada, que se aproveita do caos comunicacional amplificado pelas redes sociais.

O uso estratégico do gaslighting

Rodrigues destacou ainda como a extrema direita contemporânea tem recorrido ao gaslighting como ferramenta política, uma tática de manipulação psicológica que busca distorcer fatos para fazer com que adversários duvidem de sua própria percepção. Ele explica que o termo, originalmente popularizado pelo filme À Meia-luz (1944), descreve um tipo de abuso psicológico no qual a vítima é levada a questionar sua sanidade. “Há algo de genial numa manobra que vence quando se afirma, energizando aliados, e volta a vencer quando se nega, confundindo adversários ou colando neles a pecha de histéricos delirantes”, analisou.

Falhas da mídia e a responsabilidade jornalística

O escritor também criticou a postura da imprensa diante de episódios como o descrito, argumentando que o jornalismo tem se mostrado omisso e incapaz de cumprir seu papel básico de chamar as coisas pelos nomes corretos. “Em vez de olhar para um gesto nazista e chamá-lo de gesto nazista, o jornalismo atual tem preferido abdicar de sua responsabilidade no plano factual”, lamentou Rodrigues.

Para ele, o problema vai além da neutralidade passiva e reflete uma crise ética nas práticas jornalísticas contemporâneas, que muitas vezes tratam eventos objetivos como meras opiniões. “O fato é que nem isso [a mídia tradicional] está fazendo. Chamar as coisas pelo nome correto é um princípio jornalístico fundamental que já vinha se afogando há alguns anos em pusilanimidade”, afirmou.

Reflexões sobre o cenário atual

O texto de Sérgio Rodrigues funciona como um alerta sobre os riscos da normalização de práticas antidemocráticas e da relativização de fatos concretos. Ele conclui que a ascensão de figuras como Musk e o uso de plataformas digitais para amplificar discursos de ódio configuram um quadro político e social “distopicíssimo”. Para ele, os próximos anos prometem ser desafiadores em termos de preservação da democracia e do debate público honesto.

A análise de Rodrigues, publicada pela Folha de S. Paulo, destaca a importância de combater o negacionismo e as estratégias de desinformação com coragem e clareza, reforçando a necessidade de um jornalismo comprometido com a verdade factual e com os valores democráticos.

Da Redação

Com informações da

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