Lula avalia tirar ministérios do PT, PSB e PCdoB para redistribuir cargos entre partidos do Centrão, após pressão por mais espaço
Após a eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP) para o comando da Câmara dos Deputados e do Senado, respectivamente, as negociações em torno da reforma ministerial planejada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) devem avançar com mais afinco nas próximas semanas.
O titular do Planalto aguardava a definição das mesas para
iniciar a dança das cadeiras na Esplanada. Agora, a expectativa é que o
presidente converse com os novos presidentes e líderes de partidos para fechar
o novo desenho dos ministérios.
Entenda a reforma ministerial
- Lula
deve trocar o comando de uma série de ministérios para aprimorar as
entregas e acomodar mais nomes do Centrão, de olho na reeleição em 2026.
- Um
dos objetivos da reforma ministerial é melhorar a articulação com o
Congresso Nacional e facilitar a aprovação de pautas prioritárias. Entre
os projetos que vão precisar passar pelo aval dos parlamentares em 2025,
está a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil.
- A
chamada “reforma da renda” é uma das apostas do governo para melhorar a
avaliação de Lula. A última pesquisa Genial/Quaest apontou que, pela primeira
vez desde o início do mandato, a reprovação do petista superou a aprovação.
Um nome dado como certo para entrar no governo é o da atual
presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), a deputada federal Gleisi
Hoffmann. A dirigente tem mandato na sigla até o meio do ano, mas a expectativa
é que saia antes para assumir um cargo no alto escalão de Lula.
Gleisi deve ocupar o comando da Secretaria-Geral da
Presidência, hoje chefiado por Márcio Macêdo (PT). Embora negue publicamente
que haja conversas nesse sentido, Lula elogiou a presidente do PT, na última
semana, e disse que “ela tem condição de ser ministra em muitos cargos”.
Vale lembrar que, no início de janeiro, o chefe do Planalto
deu o pontapé nas mudanças no alto escalão, com a troca de Paulo Pimenta por
Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação Social. O ajuste visava dar um
impulso na popularidade do presidente. Desde então, o novo ministro tem promovido uma série de mudanças na
comunicação do governo.
Espaço para o Centrão
Antes mesmo do recesso legislativo, em dezembro de 2024, o
Centrão já demonstrava desagrado com a atual configuração da Esplanada dos
Ministérios e cobrava maior presença no primeiro escalão do governo Lula.
Os partidos que possuem representantes em ministérios são:
MDB, PSD, Republicanos, PP, PCdoB e União, além do próprio PT.
A maior reclamação vem do PSD, de Gilberto Kassab, que
atualmente comanda os ministérios de Minas e Energia, Agricultura e Pesca. Como
o Metrópoles mostrou, a bancada do PSD na Câmara deseja fazer um remanejamento no
primeiro escalão: André de Paulo abandonaria o comando da pasta federal da
Pesca para assumir o Ministério do Turismo.
O Ministério do Turismo atualmente é comandado por Celso
Sabino, do União Brasil, que deixaria o posto para assumir o Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovações, chefiado por Luciana Santos (PCdoB); esta, por
sua vez, iria para o Ministério das Mulheres.
O Metrópoles apurou que, para dar mais
espaço ao Centrão, o governo Lula estuda tirar alguns ministérios do PT e do
PSB, partido de Geraldo Alckmin, e o PCdoB, que só tem Luciana Santos como
representante.
Na atual configuração, o PSB ocupa os ministérios do
Empreendedorismo, com Márcio França, e Desenvolvimento, com Alckmin. A saída do
vice-presidente da Esplanada é cogitada, diante de planos para trabalhar a
reeleição de Lula, em 2026.
Futuro dos ex-presidentes do Congresso
Lula demonstrou desejo em inserir Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e
Arthur Lira (PP-AL), ex-presidentes do Senado Federal e da Câmara dos
Deputados, respectivamente, na Esplanada dos Ministérios, mas ainda estuda qual
seria o melhor arranjo. Pacheco chegou a ser cogitado para o Ministério da
Justiça em uma eventual saída de Ricardo Lewandowski, mas o ex-ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) demonstrou que deseja permanecer no cargo.
Dessa forma, há a possibilidade de Pacheco assumir o
Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, com a saída de
Alckmin. Caso assuma o posto, o parlamentar poderá realizar mais agendas nos
estados, divulgar as ações do governo Lula, mirando a eleição de 2026, e,
assim, também aumentar a popularidade da gestão petista.
Lira, por outro lado, teve o nome sondado para Agricultura, que hoje está com o PSD, mas nenhum martelo foi batido a respeito do tema.
Da Redação