Integrada às novas tecnologias, equipamento tem paternidade polêmica. Padre gaúcho Roberto Landell de Moura pode ter criado o aparelho em 1893
Alguns anos antes, em 1873, o físico britânico James Maxwell havia constatado a
existência de ondas eletromagnéticas que se propagavam pelo espaço. Em 1887, o
físico alemão Heinrich Hertz, a partir da hipótese de Maxwell, conseguiu fazer
a transmissão e a recepção de ondas eletromagnéticas, ainda que com
equipamentos colocados a poucos metros de distância um do outro.
[SAIBAMAIS]Landell de Moura fez suas experiências pioneiras de transmissão da
voz humana em 1892 e 1893, em Campinas e em São Paulo, cobrindo uma distância
de 8 quilômetros. Ele também foi inventor do telégrafo sem fio que, a exemplo
do rádio, por ele chamado de ;transmissor de ondas;, conseguiu patentear, tanto
no Brasil quanto nos Estados Unidos.
;Ele era um sacerdote, uma pessoa recatada, e talvez por isso foi posto de
escanteio, à margem desse processo, enquanto o Marconi, um europeu, um
acadêmico, conseguiu repercussão para o seu invento e ficou na história como o
criador do rádio;, diz o radialista Cristiano Menezes, gerente-geral das rádios
EBC (Empresa Brasil de Comunicação) no Rio de Janeiro. Juntamente com o
veterano radioator e apresentador Gerdal dos Santos e o jornalista Luiz Augusto
Gollo, Cristiano Menezes participa do programa especial sobre o Dia Mundial do
Rádio que as emissoras da EBC veiculam nesta quarta-feira.
Como meio de comunicação, o rádio chega ao Brasil em 1922, pelas mãos do
cientista e educador Edgard Roquette Pinto. Ele faz a primeira transmissão no
dia 7 de setembro daquele ano, durante a inauguração da exposição internacional
comemorativa do Centenário da Independência. Menos de um ano depois, em 20 de
abril de 1923, entrava no ar a primeira emissora, a Rádio Sociedade do Rio de
Janeiro, hoje Rádio MEC, uma das emissoras da EBC.
Mais de um século após sua invenção, o rádio mostra capacidade de renovação e
adaptação às novas tecnologias, como destaca a professora Sonia Virginia
Moreira, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), autora de livros
sobre a história do veículo. Para ela, o rádio é sempre aberto, democrático e
sensível a todas as transformações.
;É um meio que consegue se adaptar a situações muito distintas. Quando surgiu a
televisão, o rádio viveu seu maior momento de crise, mas conseguiu se superar
em pouco tempo, renovando a linguagem, como meio de comunicação prestador de
serviços e canal de entreternimento. Mais recentemente, o rádio integrado à
internet vem comprovar essa maleabilidade do meio;, diz a professora.
Para Cristiano Menezes, o rádio digital é o futuro, em matéria de tecnologia,
mas a linguagem característica do veículo se manterá, por mais que surjam
diferentes plataformas. ;Há um novo ouvinte, que já procura o novo rádio, pela
internet, os vários meios de comunicação hoje se complementam, há toda uma
convergência de mídias, a digitalização já se anuncia, é o futuro, mas o
veículo será sempre rádio;.
Da Redação