Estudo do Ipea aponta maior rendimento da série histórica; transportes e serviços lideraram a alta
Dinheiro no bolso: rendimento médio do trabalho atinge R$ 3.343,00Os dados fazem parte da nota técnica “Retrato dos Rendimentos
do Trabalho – Resultados da PNAD Contínua do Quarto Trimestre de 2024”,
elaborada pelo pesquisador Sandro Sacchet de Carvalho. “Os dados apresentaram
uma nova elevação em relação ao trimestre anterior, consolidando o aumento da
renda”, destaca Sandro.
O levantamento revela que a expansão dos rendimentos foi
impulsionada principalmente pelos trabalhadores por conta própria (alta de
5,4%) e empregados sem carteira assinada (6,5%). Trabalhadores do setor privado
com carteira tiveram um crescimento menor (3%), enquanto os servidores públicos
registraram alta de 2,6% na comparação com o mesmo período de 2023.
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melhoraram a vida do povo
Recorte regional
A pesquisa mostra que, no recorte regional, os trabalhadores
do Sul foram os mais beneficiados, com um avanço de 7,5% nos rendimentos. O
Norte teve a menor variação, com crescimento de 1%. A renda subiu mais entre
trabalhadores de 40 a 59 anos (+5%) e entre aqueles com ensino fundamental
completo (+6,2%). Em contraste, idosos acima de 60 anos tiveram um aumento
menor (+2,4%).
No recorte por setor, os maiores ganhos foram registrados no
transporte (+8%), serviços pessoais e coletivos (+6,1%) e alojamento e
alimentação (+5,8%). Em contrapartida, educação e saúde tiveram uma alta mais
modesta (1,3%), enquanto a agricultura foi a única área que registrou leve
queda nos rendimentos (-0,1%). “O dinamismo do transporte reflete a retomada do
comércio e turismo”, analisa o autor do estudo.
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economistas
Desafios pela frente
Apesar dos avanços, o índice de Gini da renda individual
subiu de 0,490 para 0,492 entre o terceiro e o quarto trimestres de 2024,
indicando um ligeiro aumento na desigualdade e interrompendo a tendência de
queda observada desde o pico da pandemia. Além disso, a disparidade de gênero,
que havia diminuído em 2023, cresceu: a renda das mulheres subiu 4%, contra
4,6% dos homens.
Mesmo com esses desafios, os resultados refletem um mercado
de trabalho em recuperação, com aumentos salariais significativos em diversas
regiões e setores. A continuidade desse crescimento contribuirá para a redução
das desigualdades e para o fortalecimento da economia nacional.
Leia a análise do pesquisador Sandro Sacchet de
Carvalho, responsável pela nota técnica
Retrato dos rendimentos do trabalho – resultados da PNAD
Contínua do quarto trimestre de 2024
Os dados dos rendimentos do trabalho do quarto trimestre de
2024 apresentaram uma nova elevação em relação ao trimestre anterior,
consolidando o aumento da renda iniciado no segundo semestre de 2023. O
crescimento interanual da renda habitual média foi de 4,3%. Vale notar que o
rendimento médio alcançado no trimestre móvel terminado em janeiro de 2025 (R$
3.343) é o maior valor da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua (PNAD Contínua).
Por grupos demográficos, os maiores aumentos na renda na
comparação com o mesmo período de 2023 foram registrados no Sul, entre os
trabalhadores adultos (entre 40 e 59 anos) e com ensino fundamental completo. O
crescimento foi menor para os que habitam no Norte, entre os mais velhos (acima
de 60 anos) e em regiões metropolitanas.
Na análise por tipo de vínculo, foram os trabalhadores por
conta própria e os empregados sem carteira que apresentaram crescimento
interanual mais elevado (5,4% e 6,5% respectivamente). Por sua vez, os
trabalhadores privados com carteira mostraram um crescimento de 3,0%, mantendo
as taxas de crescimento mais lentas que as demais categorias desde o início de
2023.
Por setor, no quarto trimestre de 2024, os piores desempenhos
da renda habitual foram nos setores de agricultura e educação e saúde, com
queda interanual de 0,1%, e aumento de 1,3%, respectivamente. Já os
trabalhadores do transporte mostraram crescimento dos rendimentos habituais de
8,0%.
Após o pico de desigualdade causado pela pandemia, o índice
de Gini se reduziu continuamente até o primeiro trimestre de 2022. No entanto,
o terceiro trimestre de 2022 apresentou uma reversão da queda da desigualdade
da renda observada, que continuou no terceiro trimestre, tendo o índice da
renda domiciliar se mantido relativamente estável desde então. No quarto
trimestre de 2024, o índice de Gini da renda domiciliar retornou para 0,520. Já
o índice de Gini da renda individual subiu de 0,490 para 0,492 entre o terceiro
e o quarto trimestres de 2024.
Da Redação