Os ministros também condenaram o hacker Walter Delgatti a
oito anos de prisão pelo mesmo motivo. Ambos respondem pelos crimes de invasão
de dispositivo informático e falsidade ideológica.
Além da pena de prisão, Zambelli e Delgatti terão que pagar
juntos uma indenização de R$ 2 milhões.
A turma também determinou a perda do mandato da deputada, a
ser executada após o trânsito em julgado da ação, ou seja, quando não houver
mais possibilidade de recurso.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acursou os dois em
fevereiro de atacarem sistemas do CNJ para incitar atos antidemocráticos.
A investigação apontou que eles inseriram documentos falsos
no sistema do órgão, como um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de
Moraes, do STF.
Conforme a denúncia da PGR, Zambelli teve “papel central” na
invasão dos sistemas eletrônicos do CNJ e foi a “autora intelectual” do ataque
hacker.
Zambelli, segundo a acusação, “arregimentou” o hacker Walter
Delgatti, prometendo a ele benefícios em troca dos serviços.
Conforme a acusação, de agosto de 2022 a janeiro de 2023,
Delgatti invadiu “por várias vezes dispositivos de informática usados pelo
Poder Judiciário, adulterando informações, mandados de prisão, alvarás de
soltura, decisões de quebra de sigilo bancário, e inclusive determinando ao
sistema que emitisse documento ideologicamente falso”.
O que diz Zambelli
Em nota divulgada na sexta (9), a defesa da deputada afirma
ser “absolutamente injusto” que Zambelli tenha sido “julgada e condenada sem
provas irrefutáveis e induvidosas”.
Os advogados também criticam o processo conduzido pelo
Supremo, dizendo que houve “inúmeras nulidades desprezadas e cerceamento de
defesa”. Consideraram ainda “inadmissível” a falta audiência com os integrantes
da Turma e da possibilidade de sustentação oral dos advogados.
Leia a íntegra da nota:
“A defesa da deputada Carla Zambelli novamente externa sua
irresignação, não somente pelo voto proferido que arbitrariamente julgou
procedente as acusações, mas especialmente pelas inúmeras nulidades desprezadas
e cerceamento de defesa ocorrido. Além disso, apesar do enorme respeito que se
tem para com os Eminentes Ministros da 1ª Turma da Suprema Corte, inadmissível
que o processo não tenha sido submetido a julgamento presencial ou virtual com
a possibilidade de sustentação oral na presença dos julgadores, bem como, que
ainda não tenha sido disponibilizada ao menos audiência com os integrantes da
Turma julgadora para que a defesa possa apresentar memoriais e externar pontos
importantes do processo. Absolutamente injusto que a Deputada tenha sido
julgada e condenada sem provas irrefutáveis e induvidosas, ainda mais por fatos
que desconhecia, como por exemplo os alvarás falsos que o mitômano Walter fez
para seu primo e terceiras pessoas. Saliente-se que jamais se deixará de
acreditar na Justiça e se espera que algum dos Ministros possa pedir vistas e
examinar todos os argumentos lançados pela defesa e, futuramente, modifique o
rumo sugestionado pelo Relator”.