Retomada da confiança no governo impulsiona concessões e amplia projeções de investimentos no setor
O crescimento expressivo é atribuído ao avanço das concessões
e à estabilidade regulatória recuperada durante o atual governo. “Houve um
avanço grande, e a tendência é que a contratação de projetos continue
crescendo”, afirma Roberto Guimarães, diretor de planejamento e economia da
Abdib. Ele destaca que setores como rodovias, ferrovias e saneamento estão no
centro das novas licitações.
Um marco fundamental para a alta nas projeções foi a
privatização da Sabesp em julho deste ano, que adicionou R$ 66 bilhões aos
cálculos. Mesmo sem considerar este impacto, o investimento privado contratado
até 2029 seria de R$ 305,9 bilhões, um salto de 34,3% em relação ao ano
anterior.
Confiança e otimismo renovados
Especialistas apontam que a volta da confiança no ambiente de
negócios tem sido essencial para atrair investidores. Para o ministro dos
Transportes, Renan Filho, “a regulação de infraestrutura no Brasil hoje é uma
referência internacional, e as condições macroeconômicas podem ajudar ainda
mais”. Ele destacou que a redução de juros e o fortalecimento da economia
brasileira criam um cenário ainda mais favorável para o aumento de leilões e
investimentos.
A Abdib mapeou um total de 495 projetos com potencial de
investimento estimado em R$ 750,5 bilhões, sendo R$ 288,6 bilhões apenas no
setor de rodovias. Segundo Guimarães, os avanços nas modelagens de editais têm
sido cruciais. “Hoje, os contratos oferecem um equilíbrio melhor entre risco e
retorno, o que atrai mais players para os leilões”, afirmou.
Desafios persistem
Apesar do otimismo, gargalos permanecem. O corte de orçamento
das agências reguladoras, como a Aneel e a ANTT, é apontado como um
contrassenso, já que o volume de concessões cresce exponencialmente. “O governo
precisa reforçar essas instituições, que têm um papel estratégico na supervisão
de projetos”, alerta Venilton Tadini, presidente-executivo da Abdib.
Outro obstáculo é o licenciamento ambiental, que, segundo
Natália Marcassa, presidente da Moveinfra, continua sendo o maior entrave para
a execução de projetos. “O atraso no Ibama gerou um ‘backlog’ enorme,
impactando diretamente os cronogramas do setor”, afirmou.
Ainda assim, a confiança do setor privado na gestão de Lula é
vista como um catalisador. “O papel do setor privado é relevante porque garante
os investimentos onde há rentabilidade e, com isso, divide a responsabilidade
com o poder público, que pode direcionar recursos para áreas menos atrativas
economicamente”, conclui Renan Filho.
A retomada da confiança, aliada a um ambiente de negócios
mais favorável, consolida o Brasil como destino preferencial para investidores
no setor de infraestrutura, garantindo crescimento sustentável e maior
competitividade.
Da Redação