Peças-chaves do governo Bolsonaro, ambos aparecem em depoimentos como os grandes coordenadores do golpe
Os generais Braga Netto e Augusto Heleno, ex-integrantes do governo Jair Bolsonaro, estão sob os holofotes das investigações da Polícia Federal e são apontados como os próximos possíveis alvos das autoridades. De acordo com reportagem assinada pela jornalista Monica Gugliano, do jornal O Estado de S. Paulo, Estadão, ambos aparecem em depoimentos como os grandes articuladores de um golpe de Estado que teria sido planejado por um grupo de militares.
A operação que desencadeou essas expectativas ocorreu nesta
terça-feira, com a prisão de um general reformado, três integrantes das Forças
Especiais – conhecidos como “kids pretos” – e um policial federal. Os suspeitos
são acusados de planejar um golpe de Estado e o assassinato do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do
Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. A decisão judicial que autorizou
as prisões se baseou em um robusto inquérito da Polícia Federal, com mais de
200 páginas detalhando nomes, codinomes, diálogos interceptados e até
armamentos que seriam usados no ataque.
Investigação expõe alto escalão
Nos depoimentos mais recentes, o tenente-coronel Mauro Cid
destacou o papel de Braga Netto e Heleno como coordenadores do plano golpista,
embora o movimento tenha sido frustrado pelo Alto Comando do Exército, que, em
sua maioria, rejeitou a conspiração. O general Mário Fernandes,
ex-secretário-executivo da Presidência durante o governo Bolsonaro, também está
implicado. Segundo a investigação, Fernandes chegou a imprimir documentos
detalhando o plano dentro do Palácio do Planalto.
O inquérito revelou ainda o uso de celulares descartáveis,
diálogos minuciosamente interceptados e a posse de armamentos pesados, como
metralhadoras e uma espécie de lança-rojão. A gravidade das acusações reforça a
possibilidade de medidas mais duras contra Heleno e Braga Netto.
Movimentações suspeitas e silêncio
Enquanto o cerco se fecha, Braga Netto permanece recluso,
limitando-se a movimentações pontuais, como sua recente candidatura a vereador.
Já o general Heleno optou por um comportamento ainda mais discreto,
praticamente desaparecendo dos holofotes e mantendo-se em casa.
O caso também trouxe à tona relatos de comportamentos
aparentemente desconectados de figuras próximas ao núcleo investigado. O
general Luiz Eduardo Ramos, que ocupava cargo no alto escalão durante o governo
Bolsonaro, teria se mantido alheio às atividades suspeitas de Fernandes,
aproveitando viagens pela Europa com a esposa, como mostrado em suas redes
sociais.
Contexto político e implicações
A operação da Polícia Federal reflete um novo capítulo de
tensões envolvendo a política brasileira e o papel de militares no governo
Bolsonaro. A decisão do ministro Alexandre de Moraes expõe uma tentativa de
preservar a estabilidade democrática e combater movimentos que visam
desestabilizar instituições. Enquanto isso, a cúpula militar observa com
apreensão o desdobramento das investigações, reconhecendo que figuras como
Heleno e Braga Netto podem ser formalmente responsabilizadas nos próximos
passos do processo.
Da Redação