Investigadores pretendem usar o episódio para reafirmar poder de influência do ex-presidente junto a seus apoiadores mais radicais
Ex-presidente Jair Bolsonaro | Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil
Integrantes da Polícia Federal acreditam que as explosões na Praça dos Três Poderes devem pesar contra Jair Bolsonaro em um eventual pedido de indiciamento do ex-presidente no inquérito que investiga a suposta participação do ex-chefe de Poder Executivo em um plano para se dar um golpe de estado no país.
Essa investigação, considerada uma das mais sensíveis, está na fase final e deve ser entregue até a sexta-feira da próxima semana, conforme integrantes da PF. Na visão de alguns investigadores, o ato extremo de Tiü França, como se apresentava Francisco Wanderley Luiz, foi uma consequência das diversas manifestações públicas do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Conforme apurou este portal, esse poder de influência do ex-presidente deve ser citado no inquérito como elemento para embasar a tese de que Jair Bolsonaro ajudou a inflar seus apoiadores a endossar uma ruptura democrática.
Cobrança também virá do Supremo Tribunal Federal
Além disso, conforme apurou este portal, integrantes do Supremo Tribunal Federal também sinalizaram que vão cobrar punições mais rígidas ao ex-presidente da República quando os casos chegarem ao Tribunal.
Nesta quinta-feira, 14, o relator do inquérito dos atos de 8 de janeiro e das fake news, ministro Alexandre de Moraes, deu o tom das investigações.
“Nós não podemos ignorar o que ocorreu ontem. O que aconteceu ontem não é um fato isolado do contexto. (…) mas o contexto se iniciou lá atrás, quando o ‘gabinete do ódio’ começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o STF, principalmente contra a autonomia do Judiciário”, declarou o magistrado.
“Isso foi se avolumando sob o falso manto de criminosas utilizações da liberdade de expressão. Ofender, ameaçar, coagir, em nenhum lugar do mundo isso é liberdade de expressão. Isso é crime. E isso foi se avolumando e resultou no 8 de janeiro”, acrescentou.
O ex-presidente, por sua vez, tentou se eximir da responsabilidade pelo episódio desta quarta-feira em manifestação nas redes sociais. Investigadores enxergaram na fala uma espécie de ‘mea-culpa’ de Bolsonaro.
“Apesar de configurar um fato isolado, e ao que tudo indica causado por perturbações na saúde mental da pessoa que, infelizmente, acabou falecendo, é um acontecimento que nos deve levar à reflexão. Já passou da hora de o Brasil voltar a cultivar um ambiente adequado para que as diferentes ideias possam se confrontar pacificamente, e que a força dos argumentos valha mais que o argumento da força”, disse Bolsonaro pelo X – antigo Twitter.
Da Redação