Intenção dos controladores de mentes da seita é reforçar discurso cínico sobre ato terrorista, minimizá-lo e ridicularizá-lo. Fanáticos repetem bobagens em jornais, portais e páginas noticiosasFrancisco Wanderley Luiz, o terrorista bolsonarista que tentou explodir o STF. Fanático de extrema direita se encheu de explosivos e atentou contra a Praça dos Três Poderes, em Brasília. Ele dizia que mataria o ministro Alexandre de Moraes Créditos: Redes sociais/Reprodução (Por Henrique Rodrigues)
A imparável máquina de mentiras do bolsonarismo, menos de 24
horas após o ataque terrorista com bombas promovido por um de seus fanáticos em
Brasília, já está a todo vapor espalhando nas redes versões desconexas e
confusas sobre o trágico episódio. A intenção dos controladores de mentes da
seita liderada pelo ex-presidente de extrema direita é fazer com que os
bitolados seguidores propaguem as bobagens no espaço virtual, o que já era
possível notar nas caixas de comentários de jornais, portais e páginas noticiosas
na tarde desta quinta-feira (14).
Em massa, a maré bolsonarista repetia algumas teses patéticas
e sem qualquer resquício de realidade para tentar criar uma atmosfera de não
responsabilização para o antigo ocupante do Palácio do Planalto, contumaz
propagador de ódio e instigador de ataques às instituições do Estado. As
maluquices são dos mais variados tipos e algumas até contraditórias.
Uma das correntes mais adotadas pelos fanáticos da extrema
direita é a de que tudo não passou de uma trapalhada insignificante realizada
por um maluco. Após frisarem que Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiü
França, autor do ataque, seria um “doente psiquiátrico”, eles reforçam que não
há terrorismo “usando fogos de artifício”, ignorando que a pólvora utilizada
nesses artefatos é a mesma usada para produzir bombas, ou munições para armas
de fogo. A tática é semelhante à que refuta uma tentativa de golpe em 8 de
janeiro argumentando que “simplesmente invadindo os prédios dos três poderes
nada teria acontecido”.
Nenhuma palavra também é dita sobre a complexidade da ação
levada a cabo pelo terrorista, que tinha um verdadeiro paiol instalado no
porta-malas de seu carro, construído sobre uma base de tijolos, além de
empregar detonadores remotos, um timer digital e de ter instalado um mecanismo
do tipo “arapuca” no imóvel em que vivia em Ceilândia, no DF, que detonou
quando o robô antibombas da PF entrou no local.
Outra história pulverizada pela cúpula bolsonarista para ser
usada pelos cegos súditos do movimento é a de que Tiü França foi morto por um
tiro de um agente que aparece nas imagens registradas na frente do Supremo
Tribunal Federal. Na ladainha sem sentido, o terrorista seria apenas “um senhor
protestando contra as arbitrariedades do STF e de Alexandre de Moraes”, que
soltaria fogos na Praça dos Três Poderes para chamar a atenção, mas que acabou
morto por um disparo de um policial, caindo em cima dos rojões que carregava.
Enfim, um show de birutices.
Há ainda versões que apontam para uma desconexão entre o
autor do atentado e o movimento bolsonarista. Mesmo sendo um fã doentio de Jair
Bolsonaro, de fazer dezenas de postagens com a bandeira do Brasil repetindo
lemas da extrema direita, de ter um boné com o mote “Brasil acima de tudo, Deus
acima de Todos”, utilizado pelo ex-presidente, de fazer menção aos presos pela
tentativa de golpe de 8 de janeiro, de ser filiado ao PL, o partido que abriga
a imensa maioria dos bolsonaristas e todos os integrantes da família Bolsonaro,
e de ser apontado por amigos e familiares como alguém que “matava e morria”
pelo líder máximo da seita, os seguidores da claque nas redes insistem que não
há nada que ligue Tiü França ao bolsonarismo.
Por fim, outra quimera muito espalhada nas plataformas
digitais é que o terrorista teria sido “plantado pela esquerda” para trazer de
volta à tona os inquéritos que investigam os atos antidemocráticos e, assim,
enterrar de vez qualquer possibilidade de uma lei de anistia para os envolvidos
no 8 de janeiro e para Jair Bolsonaro, que recuperaria sua elegibilidade, algo
que sempre foi visto como uma hipótese remota no Judiciário e no mundo político
de Brasília.
Da Redação