Líder chinês e presidente brasileiro tiveram uma longa conversa por telefone sobre o tarifaço de Trump na qual articularam reação dos BRICS
Lula e Xi Jinping.Créditos: TINGSHU WANG / POOL / AFP
Em uma longa conversa telefônica de cerca de uma hora, na
noite de segunda-feira (11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu do
líder chinês Xi Jinping a garantia de apoio total à soberania brasileira em
meio à escalada de ataques e tentativas de interferência dos Estados Unidos.
Xi afirmou que “a China apoia o povo brasileiro na defesa de
sua soberania nacional e respalda o Brasil na proteção de seus direitos e
interesses legítimos”, conclamando todos os países a se unirem contra “o
unilateralismo e o protecionismo”.
O diálogo ocorreu no contexto do tarifaço de 50% imposto
pelo governo Donald Trump a produtos brasileiros, medida classificada pelo
Planalto como unilateral e motivada por alegações alinhadas ao discurso
golpista de Jair Bolsonaro. Washington também mantém pressão sobre a China,
ampliando a guerra comercial, e tem promovido uma ofensiva diplomática e
política contra o Brasil, que inclui ataques a autoridades e instituições, como
as sanções pessoais impostas ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Segundo a Agência Xinhua, Xi Jinping afirmou que as relações
entre China e Brasil vivem “o melhor momento da história” e que os dois países
podem servir de exemplo de unidade e autossuficiência no Sul Global. O líder
chinês ressaltou o papel central do BRICS – que hoje reúne Brasil, Rússia,
Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos,
Etiópia, Indonésia e Irã – como plataforma-chave para construir consensos,
defender normas básicas das relações internacionais e proteger os direitos das
nações em desenvolvimento diante das pressões unilaterais.
Lula, por sua vez, informou a Xi sobre “a situação recente
das relações do Brasil com os Estados Unidos” e reafirmou a “posição firme e de
princípios do país na defesa de sua própria soberania”. Ele elogiou o papel da
China na defesa do multilateralismo e destacou que o Brasil está pronto “para
ampliar a comunicação e a coordenação” com Pequim em mecanismos como o BRICS,
“opondo-se a práticas unilaterais de intimidação e defendendo os interesses
comuns de todos os países”.
Cooperação estratégica
De acordo com o Palácio do Planalto, Lula e Xi também
trataram da COP 30, que será realizada em Belém em 2025. O presidente chinês
confirmou que enviará uma delegação de alto nível e trabalhará junto ao Brasil
para o sucesso da conferência.
Ambos saudaram avanços nas sinergias entre seus programas
nacionais de desenvolvimento e se comprometeram a ampliar a cooperação em áreas
como saúde, petróleo e gás, economia digital e satélites.
"Os chefes de Estado também conversaram sobre a
parceria estratégica bilateral. Nesse contexto, saudaram os avanços já
alcançados no âmbito das sinergias entre os programas nacionais de
desenvolvimento dos dois países e comprometeram-se a ampliar o escopo da
cooperação para setores como saúde, petróleo e gás, economia digital e
satélites. Ambos os presidentes também
destacaram sua disposição em continuar identificando novas oportunidades de
negócios entre as duas economias", diz comunicado do Planalto.
Reação dos BRICS
A conversa com Xi Jinping faz parte de uma série de
articulações de Lula com líderes do BRICS desde o anúncio do tarifaço de Trump.
No sábado (9), o presidente brasileiro falou com Vladimir
Putin, da Rússia, e na quinta-feira (7) telefonou para Narendra Modi,
primeiro-ministro da Índia – ambos países também afetados por medidas
unilaterais de Washington.
Nessas conversas, Lula buscou alinhar posições e fortalecer a coordenação do bloco diante da pressão econômica e política norte-americana, reafirmando o papel do BRICS como contraponto à hegemonia dos EUA no cenário internacional.
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