O presidente da Câmara ameaçou suspender dos mandatos por seis meses deputados de oposição que atrapalhassem a desocupação do plenário na quarta-feira (6/8)
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), avalia punir deputados que atrapalharam a desobstrução do plenário nessa quarta-feira (6/8)BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta
(Republicanos-PB), ainda avalia punir com suspensão do mandato por seis meses
os parlamentares que atrapalharam a desobstrução do plenário na quarta-feira
(6/8) à noite. Antes da abertura da sessão, ele informou aos líderes das
bancadas que não hesitaria em punir quem se recusasse a desocupar o espaço.
"Estamos avaliando as imagens. Há pedidos de lideranças
contra este ou aquele deputado que se excedeu. Estamos avaliando. É uma decisão
conjunta da mesa para que a partir daí possamos nos manifestar", declarou
Motta em entrevista ao Metrópoles nesta quinta-feira (7/8). "Está, sim, em
avaliação punições para deputados que se excederam e dificultaram o reinício
dos trabalhos”, acrescentou.
Motta decidiu derrubar a obstrução do plenário em reunião
com o colégio de líderes na tarde de quarta-feira. Do encontro, saiu a
definição de que uma sessão aconteceria às 20h30, e deputados que tentassem
impedi-la sofreriam representações da Câmara, tendo seus mandatos suspensos
pelo período de seis meses.
A ameaça não surtiu efeito imediato, e a oposição só liberou
o plenário após reunião no gabinete de Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da
Câmara dos Deputados, com os líderes Antonio Brito (PSD-BA) e Dr. Luizinho
(PP-RJ), além do deputado Elmar Nascimento (BA) pelo União Brasil.
O acordo, àquela altura, foi insuficiente porque alguns
deputados mais radicais, como Marcel Van Hattem (Novo-RS), se recusaram a sair
das cadeiras da presidência da Câmara. Enquanto eles permaneciam, Motta
continuou de pé aguardando a intervenção dos líderes da oposição e de seus
aliados, entre eles o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (MDB).
Enquanto a situação ainda é avaliada por Motta, as bancadas
do PT, PSB e Psol já pediu ao presidente da Câmara a suspensão dos mandatos de
cinco deputados. A ação mira Júlia Zanatta (PL-SC), Marcel van Hattem (PL-RS),
Marcos Pollon (PL-MS), Paulo Bilynskyj
(PL-SP) e Zé Trovão (PL-SC).
"A ação foi premeditada, coordenada e executada com o
intuito de obstaculizar o regular exercício do Poder Legislativo, valendo-se do
uso de força física, correntes, faixas, gritos e objetos simbólicos como
adesivos na boca, compondo uma encenação de 'censura' que distorce e subverte o
debate democrático”, diz um dos trechos das petições", diz um dos trechos
do pedido.
Intervenção de Lira
Também ao Metrópoles, Hugo Motta comentou que a intervenção
de Lira em prol de um acordo que garantisse a liberação do plenário não o
diminuiu. “O ex-presidente Arthur tem interlocução com os deputados. Não me
diminui, não diminui a Câmara”, comentou.
A avaliação nos bastidores não é igual a dele. Há uma
análise de que o atual presidente demonstrou fraquezas no gesto de reocupação
do plenário, enquanto Lira saiu fortalecido por ter sido procurado para
costurar e dar a benção ao acordo.
Sem exceção para Eduardo Bolsonaro
Com a sessão aberta na quarta-feira e também na
quinta-feira, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sofreu duas faltas por ausência no
plenário da Câmara. A perspectiva é que ele não retorne ao Brasil e siga com
faltas. Motta disse ao Metrópoles que não há previsão de abertura de uma
exceção para permitir que Eduardo mantenha o mandato à distância.
"Não há previsibilidade para o exercício do mandato à
distância pelo nosso regimento. Seria uma excepcionalidade, o que não se
justifica para o momento", afirmou. Motta ressaltou que não ir à Câmara é
uma escolha de Eduardo.
"Temos um problema político-jurídico que envolve o deputado Eduardo Bolsonaro, que tomou a decisão de ir para os Estados Unidos defender teses que lhe são caras. Apesar de não concordar com alguns movimentos que ele tem feito, tenho respeito pelo deputado Eduardo Bolsonaro", concluiu.