Reunião é chancelada pela Espanha, Uruguai, Chile e Colômbia e visa discutir a promoção de mecanismos para defender o regime democrático
Como parte da reação aos ataques que a Casa Branca tem desferido contra o Palácio do Planalto, o governo Lula (PT) decidiu não convidar os EUA para a segunda edição do encontro “Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo”, que será realizado na próxima quarta-feira (24), em Nova York, paralelamente à Assembleia Geral da ONU.
O evento é articulado, além do presidente Lula, por Pedro Sánchez, primeiro-ministro da Espanha; Yamandú Orsi, presidente do Uruguai; Gustavo Petro, presidente da Colômbia; e Gabriel Boric, presidente do Chile.
O objetivo dos chefes de Estado signatários é construir uma ampla aliança de países em defesa da democracia e criar um cordão sanitário diante de regimes autoritários, como o de Donald Trump, que atualmente enfraquece a democracia estadunidense e, ao mesmo tempo, critica governos ao redor do mundo, como faz contra o Brasil.
Em 2024, o governo dos EUA, então sob comando de Joe Biden, participou do encontro sobre democracia. No entanto, o Itamaraty considerou que, diante da postura de Trump, um convite poderia ser interpretado como uma “provocação”. Além disso, diante dos ataques da Casa Branca ao Palácio do Planalto, concluiu-se que não havia clima para incluir os estadunidenses no evento.
Cabe lembrar que o presidente Lula, seguindo a tradição, será o primeiro a discursar na Assembleia Geral da ONU. Logo em seguida, será a vez de Donald Trump, e os dois presidentes devem se “esbarrar”. No entanto, não há previsão de qualquer encontro formal entre eles. A abertura da Assembleia ocorre na terça-feira (23).
Padilha desiste de ir a Nova York após restrições e manda duro recado aos EUA
“São inaceitáveis as condições. As restrições não são feitas a mim enquanto pessoa. As restrições são contra o ministro da Saúde do Brasil. Essas restrições, na prática, impedem duas participações muito efetivas. Primeiro, na Assembleia-Geral da Opas, que acontece em Washington, logo depois da ONU. O Brasil ia anunciar mais um apoio financeiro ao fundo rotatório da Opas para compra de vacinas e medicamentos para o câncer que iam baratear aqui no Brasil e o conjunto das Américas. Também impedem participação em reuniões fora da estrutura da assembleia da ONU. Presido a parceria dos Brics na área da saúde”, declarou Padilha, em entrevista à GloboNews.
Um comunicado encaminhado à representação diplomática do Brasil, nos Estados Unidos, havia informado que os deslocamentos de Padilha e de seus familiares estariam restritos a determinados locais, como sede das Nações Unidas, missão permanente do Brasil junto à ONU e residência oficial do embaixador brasileiro para as Nações Unidas, além do hotel.
Fontes do Itamaraty afirmaram a Jamil Chade, no UOL, que tinham recebido indicações de que Padilha não viajaria mais. O visto dado pelo governo Trump foi considerado "inaceitável" no governo brasileiro. Além disso, se submeter às condições impostas seria um "ato de humilhação", na avaliação de diplomatas. O ministro confirmou a informação em seguida.
Afronta
De acordo com a medida, Padilha não poderia deixar um perímetro de cinco quarteirões dos endereços citados. A exceção se daria apenas em caso de necessidade de atendimento médico de emergência.
A afronta é tamanha que, caso o ministro da Saúde resolvesse comparecer a outros endereços, o governo brasileiro precisaria enviar uma solicitação "com a devida justificativa" para o governo Trump, com dois dias de antecedência, para análise.