Produtores podem deixar fruta apodrecer se valores não cobrirem custo da colheita; Brasil responde por 70% de todo o suco importado pelos EUA
O plano do Presidente Donald Trump de impor uma nova tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto pode devastar o cinturão citrícola do Brasil, onde os agricultores enfrentam uma queda acentuada nos preços, a colheita da safra foi desacelerada, os cronogramas da indústria foram interrompidos e alguns produtores podem deixar as frutas apodrecerem à medida que as tensões comerciais aumentam.
Os agricultores afirmam que os exportadores brasileiros de suco de laranja deveriam buscar outros mercados se os EUA não mudarem sua postura ou negociarem. No pior cenário, eles veem o risco de deixar as frutas apodrecerem porque os preços podem não cobrir os custos da colheita.
O agricultor Ederson Kogler está ciente de que o acesso a novos mercados "não pode acontecer da noite para o dia", enquanto sente o peso das potenciais tarifas adicionais. Ele disse que, em janeiro, os exportadores de suco pagaram cerca de R$ 80 reais por uma caixa de laranjas, enquanto na semana passada o preço caiu para R$ 26 reais.
Nos Estados Unidos, um em cada dois copos da bebida vem do país sul-americano, que responde por 80% das vendas globais de suco de laranja e é um fornecedor difícil de substituir.
A ameaça de tarifas surge no momento em que a produção de suco de laranja dos EUA na safra 2024/25, que vai até setembro, é estimada em 108,3 milhões de galões, o nível mais baixo desde 1970/71, reduzindo os estoques domésticos para o menor nível em cinco décadas, de acordo com o USDA.
Do ponto de vista do Brasil, que depende dos EUA para cerca de 42% de suas exportações de suco de laranja, no valor de US$ 1,31 bilhão na temporada encerrada em junho, a tarifa é um desastre.
O Brasil responde por 70% de todo o suco de laranja importado pelos EUA, e a nova tarifa representaria um aumento de 533% sobre a taxa de US$ 415 por tonelada já cobrada sobre o suco brasileiro.