Com a aprovação da admissibilidade, Brazão terá dez dias úteis para apresentar defesa por escrito.
Chiquinho Brazão está preso desde março, acusado de ter mandado matar Marielle Franco. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos DeputadosO Conselho de Ética da
Câmara aprovou nesta quarta-feira (15) a admissibilidade da representação
contra o deputado Chiquinho Brazão (ex-União-RJ), acusado de ser mandante do
assassinato da vereadora Marielle Franco. O parecer da deputada Jack Rocha
(PT-ES) foi aprovado por 16 votos a um. Apenas Gutemberg Reis (MDB), também do
Rio de Janeiro, votou para barrar o andamento do processo de cassação.
Com a aprovação da admissibilidade, Brazão terá dez dias
úteis para apresentar defesa por escrito. Após a entrega da defesa, a relatora
apresentará um plano de trabalho e começará a fase de coleta de provas. Essa
etapa pode durar até 40 dias úteis. Depois, Jack Rocha terá mais dez dias úteis
para produzir o seu parecer. Após a aprovação em plenário de sua recomendação,
a recomendação será enviada ao plenário, que referendará ou não a cassação do
deputado.
Único a votar contra o andamento do processo de cassação de
Brazão, o deputado Gutemberg Reis é um dos 17 indiciados pelos crimes de
associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de Saúde após
investigação do esquema de falsificação de certificados de vacina da covid-19.
Entre os indiciados também estão o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-ajudante
de ordens dele , o tenente-coronel Mauro Cid.
De acordo com as investigações, o deputado fraudou o próprio
cartão de vacinação. Ele foi alvo de busca e apreensão pela Operação Venire, da
Polícia Federal, em maio de 2023. Ele é irmão do ex-prefeito de Duque de
Caxias, o ex-deputado Washington Reis. Procurado para comentar seu voto no Conselho
de Ética, Gutemberg respondeu por meio de sua assessoria que não vai se
manifestar sobre sua posição.
Chiquinho Brazão está preso desde março. Ele, o irmão
Domingos Brazão e o delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa são acusados de
planejar o assassinato de Marielle Franco. No mesmo atentado, morreu o
motorista dela, Anderson Gomes. Na semana passada os três foram denunciados
pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Na denúncia, a PGR alega que o assassinato foi planejado para
proteger os interesses econômicos da milícia. Além da denúncia contra os irmãos
Domingos e Chiquinho Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, a Polícia Federal
(PF) efetuou no último dia 9 a prisão preventiva de Robson Calixto da Fonseca,
assessor de Domingos Brazão, e o policial militar Ronald Alves de Paula,
conhecido como major Ronald.
Segundo a PGR, o apoio da vereadora à regularização de terras para pessoas de baixa renda foi determinante para colocá-la como alvo dos irmãos, uma vez que os terrenos estavam localizados em áreas de atuação de milícias. “Marielle se tornou, portanto, a principal opositora e o mais ativo símbolo da resistência aos interesses econômicos dos irmãos. Matá-la significava eliminar de vez o obstáculo e, ao mesmo tempo, dissuadir outros políticos do grupo de oposição a imitar-lhe a postura”, aponta a denúncia.