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MP argumenta que fatos descritos na ação evidenciaram clara ligação entre o candidato e o empresário Luciano Hang, que teria colocado estrutura das lojas Havan a serviço da campanha

O julgamento que poderia resultar na cassação do mandato do senador bolsonarista Jorge Seif (PL-SC) foi suspenso nesta terça-feira (30), pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e novas investigações foram pedidas. Seif é acusado de abuso de poder econômico durante a campanha de 2022.

O julgamento, que teve início no começo deste mês, foi interrompido e retomado nesta terça com o voto do relator do recurso, Floriano de Azevedo Marques. Ele considera que há falta de informações suficientes para que o tribunal tome uma decisão sobre as acusações contra o parlamentar. A proposição foi acatada pelo colegiado.

Além de Seif, as acusações também recaem sobre os dois suplentes da chapa, Hermes Artur Klann e Adrian Rogers Censi, bem como os empresários Luciano Hang, proprietário das lojas Havan, e Almir Manoel Atanázio dos Santos, presidente do Sindicato Calçadista de São João Batista (localizado a 70 km de Florianópolis).

Seguindo a proposta do relator, o tribunal enviará um ofício à Havan exigindo que a empresa forneça, em 48 horas, os registros de todas as aeronaves utilizadas desde janeiro de 2022 até março de 2023.

Com essas informações em mãos, o tribunal solicitará aos aeroportos e helipontos das cidades mencionadas no processo que forneçam, em 72 horas, a lista de todas as decolagens e aterrissagens realizadas durante o período da campanha, que ocorreu de 16 de agosto de 2022 a 2 de outubro de 2022.

Por fim, caso haja uma resposta positiva, será requisitada também a lista de passageiros.

A coligação Bora Trabalhar, formada por Patriota, PSD e União Brasil, denunciou três possíveis infrações eleitorais e alegou favorecimento indevido ao então candidato ao Senado naquele ano. O Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC) rejeitou a ação movida pelos partidos em 2022.

As legendas afirmam ter havido doação irregular de um helicóptero para o deslocamento do candidato, uso da estrutura da Havan para promoção da campanha e financiamento de propaganda eleitoral por parte de uma entidade sindical.

Na primeira sessão dedicada à análise do caso, realizada em 4 de abril, o vice-procurador-geral eleitoral, Alexandre Espinosa Bravo Barbosa, recomendou a cassação do mandato da chapa e a inelegibilidade do senador, em um parecer do Ministério Público Eleitoral.

Barbosa argumentou que os fatos descritos na ação evidenciaram uma clara ligação entre o candidato Jorge Seif e o empresário Luciano Hang.

Integrantes do Judiciário e membros da cúpula do Congresso trabalharam para que o tribunal absolvesse o senador. Essa movimentação inclui aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) e parlamentares não alinhados ao ex-presidente, especialmente no Senado.

Esses políticos consideram a cassação de um senador uma medida traumática, que pode gerar ainda mais conflitos com o Congresso e com os apoiadores de Bolsonaro.

Na visão de observadores do processo, o ministro Moraes demonstrou indecisão quanto à cassação de Seif. Um dos sinais dessa incerteza foi o adiamento do julgamento há duas semanas.

Na ocasião, Moraes explicou que o relator do caso, ministro Floriano de Azevedo Marques, não pôde comparecer à sessão devido a problemas familiares.

Com informações da
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