Por-MATHEUS MOREIRA E FLÁVIA MANTOVANI
SÃO PAULO, SP, 25.03.2022 - PROTESTO-SP: Manifestantes realizam ato em prol da Ucrânia e contra a invasão da Rússia ao país. O manifesto ocorre em frente ao Masp, na avenida Paulista, região central de São Paulo, nesta sexta-feira. (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress)Uma manifestação na avenida Paulista nesta sexta (25) reuniu
cerca de 50 pessoas em uma demonstração de apoio ao povo ucraniano após a
invasão do país do leste europeu pela Rússia. Brasileiros e imigrantes,
inclusive um refugiado, estavam presentes.
Segurando uma bandeira da Geórgia, o artista plástico David
Didishvili conta que nasceu na Abkhazia, região de maioria étnica russa que
também foi ocupada e reconhecida como independente por Moscou na década de
1990.
"As mesmas forças que me expulsaram junto com a minha
família quando eu tinha 11 anos estão atacando a Ucrânia agora. Eu vim apoiar a
manifestação porque a Ucrânia e a Geórgia são irmãs, vivemos esse mesmo
problema. A Rússia segue regras do século 20, quer controlar outros
países."
A Rússia invadiu a
Ucrânia na madrugada desta quinta (24).
Durante ato em São Paulo, manifestantes entoaram palavras de
ordem e pedido de "Fora, Putin".
O artista plástico russo Fyodor Pavlov Andreevich diz ter
vergonha de seu país e das ações de Putin. No vão do Masp (Museu de Arte de São
Paulo), Andreevich abraça a ucraniana Oxana Bergamo, 47. "Você não pode
entrar no país vizinho e fazer essa bagunça. Não se pode tratar assim um país
independente".
Ele afirma que tem amigos que se manifestaram contra a guerra
em Moscou e foram presos. "Todos temos que pensar na Ucrânia. Estou
falando com vários amigos e com pessoas da minha família estendida que moram
lá. Eles estão há 40 horas no metrô de Kiev, sem água, sem banheiro, sem lugar
para dormir, estão com bebês. É muito sofrimento."
Já a polonesa Kasia Patyra, 38, não consegue contato com seus
amigos na Ucrânia desde o início da invasão. "Não tenho notícias deles. Eu
sou do leste da Polônia, de uma cidade a 80 km de distância da divisa, então
conhecemos pessoas que vivem na Ucrânia. Eu estou chocada, triste. Quando a
Crimeia foi invadida já foi um choque, mas dessa vez foi mais agressivo",
diz.
Para o brasileiro Celso Roberto Pereira Filho, que vive na
Ucrânia durante metade do ano, o que aconteceu foi uma surpresa. "Eu não
acreditava que haveria nada, todos me disseram para voltar para o Brasil e eu
acabei voltando. Não achava que invadiriam até dois dias atrás". Ele diz
ainda que conseguiu manter contato com os amigos e que está preocupado, porque
nenhum homem com mais de 18 anos pode deixar o país.
Nesta quinta (24), o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky
proibiu todos os homens com idade entre 18 e 60 anos de deixar o país. Eles
devem se apresentar para lutar.