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Ao menos 15 carreatas e grupos em bicicletas partiram neste sábado (20) de diferentes regiões de São Paulo em direção à avenida Paulista em um protesto contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). No Brasil, 65 cidades têm protestos marcados ao longo de todo o fim de semana. Na praça Charles Miller, no Pacaembu (zona oeste), cerca de cem carros com bandeiras e faixas de partidos de esquerda e adesivos contrários ao presidente se reuniram no início da tarde e tinham como destino a Paulista. Os manifestantes pedem maior velocidade na vacinação contra a Covid-19, o retorno do auxílio emergencial de R$ 600 e o impeachment do presidente.

Na zona leste da capital, a concentração se deu em frente à Neo Química Arena, em Itaquera. Na zona sul, a movimentação ocorreu no largo do Socorro. Um outro grupo partiu da Brasilândia (zona norte). As carreatas foram convocadas pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo.

Na concentração no Pacaembu, o ex-presidenciável e ex-candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos disse ao UOL que os protestos em carros são um ensaio para manifestações maiores que devem acontecer quando os grupos de risco forem vacinados e a curva de contaminação cair.

Boulos é coordenador da frente Povo sem Medo, uma das entidades à frente da mobilização.

"A carreata é a forma que a gente encontrou para ter algum tipo de reação, mas evidentemente o que a gente espera é que se criem as condições o mais rápido possível para que a gente possa convocar manifestações de rua, contra Bolsonaro, contra essa política econômica destrutiva", afirmou.

"Não dá mais! O país chegou ao limite", disse a aposentada Marlene Dutra, 56, que aguardava o início da movimentação em seu carro adesivado diante do estádio do Pacaembu. "Algo precisa ser feito em nome da sobrevivência civilizatória do país", continuou.

Marlene disse que sempre participa de manifestações, mas que essa é sua primeira carreata. "Não é a mesma coisa", afirmou.

Diversas cidades no interior de São Paulo também registraram carreatas e bicicletadas pedindo o impeachment do presidente Bolsonaro na manhã e início da tarde. Boa parte dos grupos tinha o mesmo destino: a avenida Paulista, na capital.

De acordo com registros da CUT (Central Única dos Trabalhadores), manifestantes se reuniram em Campinas, Piracicaba, São José dos Campos, Guarulhos, Santo André, São Bernardo, Sorocaba, Suzano, Itaquaquecetuba e Poá.

Moisés Ribeiro, representante do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), uma das organizações sociais que participam das carreatas, afirmou que o protesto é contra um conjunto de problemas. "Esse é um governo de morte, que negou o isolamento social, que demora a aprovar [a volta do] auxílio emergencial, que nega a vacina", disse.

"Estamos aproveitando que há uma queda de popularidade de Bolsonaro e uma compreensão da população em relação à necessidade de pressionar o Congresso para colocar um dos pedidos de impeachment em votação", afirmou Ribeiro.

Ele revelou o desejo de realizar manifestações de rua, mas disse que o momento não permite. "Temos responsabilidade com a vida."

Como mostrou a Folha, movimentos de esquerda admitem que o clima para um eventual impeachment tenha esfriado, especialmente após as vitórias de aliados do governo no Congresso. Mesmo assim, eles decidiram manter as carreatas que vêm ocorrendo desde janeiro.

Apesar das eleições do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), os detratores do governo continuarão incluindo nas bandeiras o pedido de impedimento.

Líderes das organizações reconhecem, contudo, que hoje não haveria votos necessários no Congresso para a deposição nem um amplo apoio social. Por ora, a ideia é manter pressão sobre o governo Bolsonaro e tentar reverter o apoio que o presidente ainda tem em algumas parcelas da população.

A avaliação é que manifestações a pé teriam mais impacto, mas são inviáveis no momento por conta da pandemia de Covid-19. As carreatas seriam uma forma de manter manifestantes contrários ao governo mobilizados até que a crise sanitária permita outros tipos de protestos.

Em entrevista ao UOL na quinta-feira (18), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou acreditar que não há tempo suficiente para o Congresso discutir um eventual processo de impeachment contra Bolsonaro.

"Eu não acredito que haja tempo agora para fazer um debate sobre impeachment e nem o Lira vai colocar em votação. Se a gente não conseguiu colocar impeachment em votação com Rodrigo Maia, certamente não vai conseguir colocar com o Lira", disse.

Líderes de esquerda no Congresso favoráveis à saída do atual ocupante do Planalto vêm dizendo, nos bastidores, que a dificuldade de aprovação é significativa no momento e trabalham pelo desgaste do governo até a eleição de 2022.

Colaboraram Tayguara Ribeiro e Carolina Linhares, de São Paulo


foto ilustrativa


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