Governo alegou que medida poderia causar problemas de "segurança jurídica" no mercado dos planos de saúde. Senador Reguffe, autor da proposta, considera a decisão "absurda". FenaSaúde afirma que "não haverá perda assistencial" para os beneficiários
(crédito: Miguel Schincariol/AFP)Por Jorge Vasconcellos
Repasse de custos
Segundo o governo, um outro efeito do projeto seria "o inevitável repasse desses custos adicionais aos consumidores, de modo a encarecer, ainda mais, os planos de saúde, além de trazer riscos à manutenção da cobertura privada aos atuais beneficiários, particularmente os mais pobres".
Decisão "absurda"
Autor do projeto, o senador Reguffe classificou como “absurda” a decisão de Bolsonaro de vetar o texto e disse que o “Congresso precisa derrubar o veto para o bem de milhões de pacientes com câncer que precisam de quimioterapia oral”.
“É mais caro pagar uma internação para o paciente tomar quimioterapia na veia no hospital do que garantir os comprimidos para ele tomar em casa de forma oral. É também mais confortável tomar remédio em casa do que ir para o hospital. Sem contar possíveis infecções decorrentes de internações. São milhões de vidas que estão em jogo. O veto é uma decisão absurda”, afirmou o senador, em entrevista ao Correio.
Ele também informou que “nós vamos trabalhar para derrubar o veto, junto com as associações de pacientes e oncologistas que também estão mobilizados”.
Sustentabilidade
Em nota, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) defende o veto presidencial ao projeto. A entidade considera a decisão "adequada, sobretudo, para a segurança dos pacientes. A inclusão automática prevista no projeto de lei afetaria um dos pilares do funcionamento da saúde suplementar e prejudicaria a sustentabilidade de um sistema que assiste mais de 48 milhões de pessoas”.
“Não haverá perda assistencial para os beneficiários, uma vez que os planos já oferecem 58 medicamentos oncológicos orais para tratamento de câncer, além de todos os intravenosos disponíveis no mercado. A desejada celeridade das incorporações — que sempre foi a principal justificativa do projeto de lei — também já está assegurada por mudança nos ritos das análises feita recentemente pela ANS, que manteve respeitadas as melhores práticas adotadas nos sistemas de saúde mais avançados em todo o mundo”, conclui a nota.