João Eduardo Malucelli é genro e sócio de Moro e Rosângela em escritório de advocacia, e ainda ocupa cargo no gabinete do irmão do suplente do ex-juiz.
Sérgio Moro, Rosangela Moro e Marcelo Marucelli (Foto: Reprodução/Redes Sociais | Reprodução/TRF-4)O advogado João Eduardo Barreto Malucelli, filho do
desembargador Marcelo Malucelli e genro e sócio de Sergio Moro, está lotado no
gabinete do irmão do suplente do ex-juiz do Senado na Assembleia Legislativa do
Paraná.
Confuso? Um power point ajudaria a entender melhor. Mas o
resumo da história é simples: Moro está no centro de uma rede de poder no
Judiciário e também na política. João Eduardo Malucelli recebe da Assembleia do
Paraná salário bruto de R$ 13,1 mil.
Ele está logado no gabinete do deputado Luiz Fernando Guerra,
que é irmão de Ricardo Guerra, empresário de Pato Branco que Moro escolheu para
ser o segundo de sua chapa ao Senado.
Luiz Fernando Guerra e o irmão são conhecidos pela militância
bolsonarista, o que quer dizer de "extrema direita", diferentemente
de um primo, Alceni Guerra, que foi ministro da Saúde do governo Collor e
ocupou outros cargos públicos.
João Eduardo Malucelli é também namorado de Júlia, filha de
Sergio e Rosângela Moro. O pai de João Eduardo, o desembargador Marcelo, tem
tomado decisões favoráveis a Moro no Tribunal Regional Federal da 4a. Região,
como relator dos casos da Lava Jato na 8a. Turma.
Como João Eduardo consegue conciliar o cargo na Assembleia
Legislativa com sua atuação como sócio de Moro e Rosângela no escritório é uma
questão a ser apurada pelo Legislativo do Paraná. Moro e Rosângela estão
afastados do dia a dia do escritório, por conta dos mandatos parlamentares.
Há cerca de um mês, o desembargador Malucelli mandou soltar
Alberto Youssef duas vezes, horas depois do juiz Eduardo Appio ter mandado
prender o doleiro, por supostamente continuar lavando dinheiro ilícito, apesar das
duas colaborações premiadas que celebrou com Moro.
Representado pelo advogado Antônio Figueiredo Basto, chamado
de rei da delações homologadas por Moro, Youssef é peça fundamental para
desvendar a chamada indústria da delação premiada, que deixou operadores do
direito ricos e criminosos, com parte da fortuna lavada.
Nesta semana, Malucelli tomou uma decisão que foi
interpretada como favorável a Moro. Num despacho de 25 páginas, ele revogou uma
decisão do juiz Eduardo Appio, e o Tribunal Regional Federal da 4a. Região
publicou no site a notícia com o título:
"TRF4 restabelece ordem de prisão do advogado Rodrigo
Tacla Durán".
Fake news ou erro
proposital?
A notícia foi postada às 17h59, mas horas antes a assessoria
de imprensa já divulgava a decisão de Malucelli como o restabelecimento da
prisão de Durán, um dia antes do depoimento deste marcado para a Polícia
Federal, em que prometia entregar provas de extorsão praticadas por aliados de
Moro.
Eu mesmo tive a confirmação literal às 16h21 de que a prisão
de Tacla Durán estava restabelecida.
A notícia ficou do restabelecimento da prisão ficou no site
do TRF-4 até 21h32, quando o Tribunal a
retirou do ar. A esta altura, até o jornal O Globo noticiara a ligação de Moro
com Malucelli, através do filho advogado.
Nesta sexta-feira, o desembargador Malucelli enviou carta
para a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, para dizer que
não tinha restabelecido a prisão de Tacla Durán. A assessoria de imprensa do
Tribunal assumiu a culpa pela fake news.
No diálogo que tive com
uma assessora, disse:
"Como jornalista, digo que eu não creio que uma
informação dessa gravidade, que teve reflexo no andamento processual em
primeira instância, tenha sido fruto da interpretação de vcs."
Ainda assim, ela assumiu que foi responsável pela publicação
de fake news no TRF-4. O site é um veículo de informação oficial.
Quem acredita nisso acredita que Moro era um super herói.
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