Polícia Federal investiga se ordem para os bloqueios de eleitores no Nordeste, na operação desencadeada pelo ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, que está preso, partiu de Bolsonaro.
Após fechar o cerco contra Anderson Torres, ex-ministro da
Justiça que teria ido pessoalmente à Bahia às vésperas do segundo turno das
eleições presidenciais em 2022 para organizar a operação da Polícia Rodoviária
Federal (PRF) contra eleitores de Lula, a Polícia Federal agora investiga se a
ordem teria partido de Jair Bolsonaro (PL), que foi derrotado em sua tentativa
frustrada de reeleição.
Segundo informações a PF já teria certeza da particiação de
Torres e agora está aprofundando a investigação para chegar se o ex-ministro,
que está preso em Brasília, teria recebido ordem de Bolsonaro para a ação.
Torres teria feito um levantamento entre o primeiro e o
segundo turno para identificar as regiões onde Lula foi mais votado e, a partir
disso, organizado a operação para tentar impedir que os eleitores voltassem às
urnas no segundo turno.
Para enfatizar a importância da ação, Torres teria ido a
Salvador no dia 26 de outubro juntamente com o diretor-geral da PF, Márcio
Nunes, e seu secretário-executivo, o brigadeiro Antonio Lorenzo.
Lá, eles se reuniram com o superintendente da Polícia Federal
na Bahia, Leandro Almada, e seus dois assessores diretos, os delegados Flávio
Marcio Albergaria Silva e Marcelo Werner Derschum Filho.
"A função de vocês aqui é tão estratégica que se eu
pudesse trocaria de lugar com vocês", disse ele ao grupo reunido na
superintendência da PF, segundo os relatos feitos pelos participantes da
reunião à PF e ao Ministério da Justiça.
Sob o pretexto de que estaria recebendo denúncia de compras
de votos por parte do PT no estado – fato que explicaria, de acordo com ele, a
grande diferença entre a votação de Lula e a de Bolsonaro no primeiro turno –
Torres tentava convencer os agentes a armar as operações de bloqueio.
O ministro queria que a Polícia Federal colocasse pelo menos
90% do efetivo nas ruas e estradas no domingo – o que seria atípico para o
período.
O tom do então ministro na reunião causou espanto nos
policiais. Superintendentes da PRF na região, inclusive, não escondiam dos
subordinados qual era o objetivo da operação. Vários deles agora estão na mira
da PF e do Supremo.
A operação organizada por Torres não teve o efeito desejado. Os eleitores votaram, apesar dos bloqueios. E Torres e seus ex-subordinados na PRF agora podem ser indiciados pela Polícia Federal.