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 Fernando Lisboa e Tenente Coronel Zucco integram lista de políticos que decidiram remover conteúdos de seus canais na plataforma após as eleições (Por Marlen Couto)


Três canais bolsonaristas ampliaram esta semana a lista de influenciadores e políticos aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) que retiraram do ar, por conta própria, centenas de vídeos com conteúdos sobre as eleições no YouTube, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Juntas, as contas Vlog do Lisboa, de Fernando Lisboa (PL-SP), Todo Poder Emana do Povo e o canal do deputado federal eleito Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS) removeram ou tornaram privadas mais de 1,1 mil postagens na plataforma. Os dados são de um monitoramento feito pela empresa de análise de dados Novelo Data, a partir de informações do YouTube.

Eleito suplente para o cargo de deputado federal por São Paulo, Fernando Lisboa, conhecido pelo Vlog do Lisboa, apagou a maior parte dos conteúdos. Foram 924 vídeos em 20 de novembro. O canal, que tinha 1,3 mil vídeos, soma agora pouco mais de 370.

Entre as postagens removidas, estavam comentários do candidato sobre uma suposta acusação de fraude em inserções de rádio feita pela campanha de Bolsonaro. Durante as eleições, o atual presidente alegou, sem provas, que algumas rádios, especialmente do Nordeste, teriam priorizado inserções de Lula em detrimento às de Bolsonaro. Um pedido de investigação sobre o caso foi negado pelo ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que também determinou a apuração de possível crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o segundo turno do pleito em sua última semana.

Os vídeos de Fernando Lisboa deletados apontavam já no título, por exemplo, que “provas haviam sido entregues ao TSE” e usavam expressões como “deu ruim”, em referência à campanha de Lula. Parte dos conteúdos foi encontrada pelo GLOBO na plataforma Gettr, rede social criada por um ex-conselheiro do ex-presidente americano Donald Trump.

Chama atenção ainda, no pacote de vídeos removidos, narrativas de que as Forças Armadas agiriam nas eleições para conter fraudes não comprovadas. Um dos vídeos se intitulava “AGORA !! CONVOCAÇÃO DE MILITARES E MINISTROS - VIRAMOS O JOGO” e foi postado após Bolsonaro convocar, em 26 de outubro, uma reunião com ministros de governo e comandantes das Forças Armadas depois que o pedido de investigação sobre as inserções de rádio foi rejeitado por Moraes.

Judiciário na mira

No caso do canal Todo Poder Emana do Povo, que tem 220 mil inscritos, há ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a defesa do "voto auditável" na lista de 179 conteúdos removidos. Um dos vídeos apagados, por exemplo, é intitulado “ditadura do Judiciário”. O canal também tem vídeos em defesa de Daniel Silveira (PRTB-RJ), que diz ser alvo de um “golpe” e classifica como “perseguido”. Silveira foi condenado pelo STF a oito anos e nove meses de prisão por ameaças à Corte, mas, em seguida, teve a pena perdoada por Bolsonaro.

O perfil do Tenente Coronel Zucco, candidato a deputado federal mais votado no Rio Grande do Sul, com mais de 250 mil votos, também conta com ataques ao STF entre os 122 conteúdos escondidos em seu canal. No título de um dos vídeos, o futuro parlamentar chama o tribunal de "Corte política" e acusa o STF de ser "contra o povo" e "ultrapassar os limites". A lista inclui ainda vídeos sobre as manifestações antidemocráticas de 7 de setembro de 2021 e 2022, que tiveram a Corte como alvo.

Como mostrou O GLOBO, logo após as eleições, outro deputado federal eleito que removeu conteúdo do YouTube foi Gustavo Gayer (PL-GO). Do total de 1,6 mil vídeos agora fora do ar, 159 citavam já no título o TSE, o STF ou o ministro Alexandre de Moraes. Parte das postagens também repercutia alegações sem provas e depois descartadas envolvendo as inserções de rádio da campanha de Bolsonaro e trazia ataques ao TSE citando “censura” por decisões da Corte Eleitoral para remover desinformação. Na lista, estavam ainda falsas alegações de fraude no pleito de 2018 e outros conteúdos que lançam dúvidas sobre as urnas eletrônicas.
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