Favoritos aos cargos têm perfil independente e conquistaram apoio de bancadas rivais, como PT e PL
Parlamentares se preparam para eleger, neste sábado (1º/2), os novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. O perfil dos eleitos pode facilitar ou dificultar a relação do governo federal com o Legislativo, uma vez que a gestão petista depende do Congresso Nacional para aprovar as pautas prioritárias, essenciais no momento em que a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) patina na segunda metade do terceiro mandato.
Entenda a eleição para o comando das Casas do Congresso:
- Deputados
e senadores voltam do recesso no sábado (1º/2) e votam para escolher os
presidentes das Casas do Congresso pelos próximos dois anos.
- Arthur
Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) já cumpriram dois mandatos como
presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente, e não podem se
reeleger mais uma vez.
- Há
grandes favoritos para sucedê-los: Hugo Motta (Republicanos-PB) na Câmara
e Davi Alcolumbre (União-AP) no Senado.
- Os
favoritos contam com amplo apoio, incluindo do PT de Lula e do PL de
Bolsonaro. Com isso, terão de se equilibrar entre as demandas dos diversos
grupos políticos presentes no Congresso.
Hugo Motta (Republicanos-PB) é o favorito para assumir a
presidência da Câmara. Ele foi apadrinhado pelo atual presidente, Arthur Lira
(PP-AL), por ser visto como nome de consenso dentro da Casa, com boa circulação
entre as diferentes bancadas. Aos 35 anos, já está no quarto mandato como
deputado federal.
Apesar de ter recebido o apoio do Partido Liberal (PL), do
ex-presidente Jair Bolsonaro, Motta repetiu durante campanha que, em seu
mandato, quer se distanciar de pautas ideológicas e focar temas de consenso,
que tragam avanço ao país.
A figura conciliadora pode facilitar o trabalho do governo
federal, que enfrentou dificuldades de articulação com Lira, desafeto público
do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Também favorece a
aprovação de projetos da agenda econômica de Lula, prioritárias para o governo
federal.
Os novos presidentes também carregam a missão de defender os
interesses do Executivo em embates com os outros Poderes. No ano passado, a
agenda de votações chegou a ser travada em meio a impasse com o Supremo
Tribunal Federal (STF) sobre regras de transparência para o pagamento de
emendas parlamentares.
O montante de recursos destinados aos entes federativos nessa
modalidade aumenta anualmente, e parlamentares reclamam uma fatia cada vez
maior do Orçamento da União.
Já no Senado, o favorito é Davi Alcolumbre (União-AP). Nome
apoiado por Lula, chegou a emplacar ministros na Esplanada e ocupou o cargo
entre 2019 e 2021, elegendo como sucessor o aliado Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Alcolumbre tem forte influência política em áreas que
extrapolam o parlamento, como em indicações de nomes para agências reguladoras.
Apesar de ter o aval petista, tem preocupado o Palácio do Planalto com os
acordos feitos também com a oposição. A presidência do Senado é responsável por
dar andamento a pedidos de impeachment de ministros da Suprema Corte, uma das
principais bandeiras bolsonaristas, assim como a anistia para os condenados por
participação nos atos antidemocráticos do 8 de Janeiro.
Lideranças próximas ao Planalto avaliam o amapaense como uma figura pragmática, que não vai atrapalhar os interesses do governo. Nas questões ideológicas, porém, “terá que se equilibrar”.
Da Redação