Ministro ainda reforçou que não haverá descontinuidade do programa Pé-de-meia, destinado a estudantes do Ensino Médio de todo o país
Haddad destacou que a alimentação fora de casa é tão importante quanto a compra de alimentos no supermercado - (crédito: Diogo Zacarias/MF)O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (23/1) que o governo estuda possibilidades para reduzir os preços dos alimentos, tanto para a alimentação doméstica, quanto a realizada fora do lar. De acordo com o chefe da Pasta, há espaço para abaixar o custo por meio do vale-refeição e do vale-alimentação. A declaração foi feita em entrevista para jornalistas na sede do ministério após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Então nós entendemos que ali há um espaço interessante
regulatório que pode dar ao trabalhador melhor as condições de usar aquilo que
é dele, porque ele recebe um recurso que deveria ser quase 100% investido em
alimentação e muito, às vezes, fica pelo caminho parte desse dinheiro, e às
vezes a parte é substancial”, disse o ministro.
Haddad destacou que a alimentação fora de casa é tão
importante quanto a compra de alimentos no supermercado. Segundo ele, ao dar
mais poder ao trabalhador, ele encontrará um caminho de fazer valer o seu
recurso que tem direito. “Então regulando melhor a portabilidade, nós
entendemos que há um espaço para uma queda do preço da alimentação, tanto do
vale-alimentação, quanto do vale-refeição”, acrescentou.
O
ministro da Fazenda se reuniu nesta quinta-feira (23/1) com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), e um dos temas tratados foi justamente as
alternativas para reduzir os preços dos alimentos. Em 2024, o grupo de
alimentos e bebidas foi responsável por um terço da inflação medida pelo Índice
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que estourou o teto da meta, em 4,83% no
período.
A carestia atingiu
principalmente as carnes, leite longa vida, café moído e frutas. Na
visão do ministro da Fazenda, o dólar alto foi um dos principais responsáveis
pelo aumento do preço desses produtos, que integram o conjunto de bens
exportados pelo país. “Então quando o dólar aumenta, isso afeta os preços
internos e quando o dólar começar a se acomodar, vai afetar favoravelmente os
preços, também”, destacou.
Nesta semana, a Associação
Brasileira de Supermercados (Abras) publicou uma nota que defende medidas para
a redução na inflação de alimentos e exigiu atitudes concretas do governo
federal. Entre as propostas levantadas, está a reestruturação do
Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), por meio do PAT e-social, com
apoio da Caixa Econômica Federal, e que, de acordo com a Abras, pode gerar
economia da ordem de R$ 10 bilhões anuais.
Além disso, o setor também defende a venda de remédios sem
receita nos supermercados, que também pode reduzir os preços em 35%. Ainda
entre as pautas levantadas pela associação de supermercados, está a
modernização do sistema de prazos de validade, o chamado Best Before, e a
redução do prazo de reembolso dos cartões de crédito.
Para o presidente da entidade, João Galassi, as propostas
devem gerar um impacto significativo, não só no controle da inflação, mas
também na criação de empregos e no fortalecimento da economia. “Estamos
confiantes de que, com o apoio do Governo Federal, essas medidas serão
implementadas de forma eficaz e trarão benefícios diretos para as famílias,
especialmente para aquelas de baixa renda”, defende.
No
entanto, o ministro da Fazenda evitou confirmar se deve, ou não, acatar a
proposta defendida pela Abras, e que deve continuar estudando as possibilidades
para baratear os custos. “Se a Associação Brasileira de Supermercados
quiser fazer uma proposta, é um direito dela. Agora, toda e qualquer proposta
feita por um setor vai virar política pública? Não. Se depender da Fazenda,
não. Porque têm muitas que têm impacto. Tem muitas que são contraproducentes”,
afirmou.
Pé-de-meia
A
respeito da decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de suspender os
repasses para o programa do governo federal Pé-de-meia – destinado a estudantes
do Ensino Médio –, o ministro da Fazenda disse que conversou sobre o
assunto na reunião e que a forma com que o programa foi orçado na época do
lançamento havia sido a “mais adequada”. Ainda segundo Haddad, a situação já
está “pacificada”.
“Não vai haver descontinuidade. Isso eu posso garantir. O que
eu penso é que nós vamos encontrar uma saída para fazer, com o saldo atual. O
encaminhamento que está sendo dado é para não haver interrupção do programa”,
disse o ministro da Fazenda, que completou que o governo segue negociando para
solucionar o problema. Ao todo, foram R$ 6 bilhões bloqueados pelo TCU.
Da Redação