Vaticano divulga vídeo que mostra o pontífice dentro de um caixão na capela da residência de Santa MartaHomenagem
ao Papa Francisco na Austrália. Créditos: DAVID GRAY / AFP
O Vaticano divulgou nesta terça-feira (22) as primeiras imagens do corpo sem vida do Papa Francisco, antes de uma primeira reunião de cardeais para decidir a data de seu funeral.
As imagens, gravadas na segunda-feira (21), mostram o primeiro papa latino-americano dentro de seu caixão na capela da residência de Santa Marta, trajando uma casula vermelha e mitra branca, segurando um rosário entre as mãos. Dois guardas suíços fazem a escolta.
A Santa Sé deve anunciar nesta terça a data do funeral do jesuíta argentino, falecido na manhã de segunda-feira aos 88 anos, ao término da primeira congregação geral de cardeais, que nas próximas semanas também deverão eleger seu sucessor.
De acordo com as regras da Santa Sé, o enterro do líder espiritual de 1,4 bilhão de católicos no mundo deve ocorrer entre sexta-feira (25) e domingo (27). Segundo a imprensa italiana, é esperada a presença de meio milhão de fiéis.
Assim como em 2005, quando faleceu João Paulo II, chefes de Estado e monarcas de todo o mundo também deverão comparecer. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou presença, assim como o presidente francês, Emmanuel Macron, e o ucraniano, Volodimir Zelenski.
“Estamos ansiosos para estar lá!”, declarou Trump na segunda-feira, que irá acompanhado da esposa Melania.
À espera da data, alguns detalhes do funeral já são conhecidos.
Ao contrário de seus antecessores imediatos, Jorge Mario Bergoglio escolheu que seus restos mortais fiquem na basílica de Santa Maria Maior, em Roma, em uma sepultura “simples”, onde a única inscrição será “Franciscus”, seu nome papal em latim.
Mas antes, os fiéis poderão contemplar seu caixão de madeira e zinco na basílica de São Pedro, no Vaticano, para onde será levado na quarta-feira (23), saindo da residência de Santa Marta, onde faleceu.
Apesar de sua saúde frágil desde a internação em 14 de fevereiro por causa de uma bronquite que evoluiu para uma pneumonia bilateral, sua morte quase um mês após receber alta comoveu a Igreja Católica.
Milhares de fiéis se reuniram na noite de segunda-feira com flores e velas em oração na Praça de São Pedro, no Vaticano, onde, na véspera, um Francisco visivelmente cansado fez sua última aparição pública a bordo do papamóvel, por ocasião do Domingo de Ressurreição.
“O papa dos últimos”
“É uma notícia triste e lamentável”, disse à AFP Concepción Talavera, uma mulher de 51 anos que participou da missa celebrada na basílica de Santa Maria de Guadalupe, na Cidade do México. “No fim das contas, acho que ele deu tudo de si por nós”, completou.
Sua morte também deu início à contagem regressiva para a escolha de seu sucessor. O conclave para eleger o novo sumo pontífice deve ser realizado num prazo entre 15 e 20 dias. Mais de dois terços dos 135 cardeais eleitores foram nomeados por Francisco.
Enquanto isso, homenagens ao papa reformista se multiplicam pelo mundo. Ele se dedicou incansavelmente à defesa dos migrantes, do meio ambiente e da justiça social, com um estilo austero e humilde.
“Obrigado por tornar o mundo um lugar melhor. Vamos sentir sua falta”, escreveu no Instagram o astro do futebol argentino Lionel Messi, sobre seu compatriota, um apaixonado pelo futebol e sócio honorário do clube San Lorenzo.
“O papa dos últimos” é a manchete de vários jornais italianos nesta terça-feira, em referência à sua opção pelos mais desfavorecidos e à passagem bíblica: “Os últimos serão os primeiros no Reino dos Céus”.
“Ele nos animava muito, os migrantes, porque nos dava palavras de encorajamento a todos que deixamos nossos países”, disse à AFP Marisela Guerrero, venezuelana de 45 anos que migrou recentemente para o Chile.
Apesar de, durante seu pontificado iniciado em março de 2013, não ter chegado a questionar as posições conservadoras da Igreja sobre temas como o aborto ou o celibato dos padres, seu estilo próximo ao povo desagradou setores conservadores, que o acusavam de falta de ortodoxia.
Além do fervor popular, o ex-arcebispo de Buenos Aires deixa um legado marcado pela luta contra a pedofilia na Igreja, pelo incentivo à participação de mulheres e leigos, e pela defesa do diálogo entre religiões, entre outros.
Da Redação