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 Associação teme retaliação do garimpo após ordem de desintrusão do governo. Força Nacional de Segurança e Polícia Federal foram acionadas.

Garimpeiros deixam a Terra Indígena Yanomami próximos ao rio Uraricoera. Lalo de Almeida/Folhapress
Por-Guilherme Mazieiro

“Os garimpeiros deixaram bem claro: ‘nós vamos retornar à noite, vamos matar todos vocês’”. Foi com essas palavras que um grupo de cerca de 40 garimpeiros armados ameaçou 60 indígenas da comunidade Naperopi, na região do rio Uraricoera, na terra indígena Yanomami, em Roraima, na tarde da última segunda-feira, 13.

Com medo de serem assassinados, os indígenas – e seus filhos – fugiram da aldeia para dentro da floresta e desde então não fizeram contato. O caso foi denunciado à URIHI Associação Yanomami.“Os garimpeiros não atiraram e deixaram bem claro que retornariam à noite para matar todos. Aí, os Yanomamis tiveram que correr para floresta depressa”, me disse o presidente da entidade, Junior Hekurari Yanomami.

Após a denúncia, a associação enviou ofício a diversos órgãos federais solicitando “proteção imediata das comunidades afetadas pelo garimpo ilegal” e “adoção de medidas de proteção territorial como ação imprescindível na desintrusão dos invasores”. O documento foi entregue ao Ministério dos Povos Indígenas, Funai, Ministério Público Federal, Superintendência da Polícia Federal/RR, Frente de Proteção Etnoambiental-YY e Fundação dos Povos Indígenas Regional.

Segundo Junior, a Força Nacional e a Polícia Federal foram à comunidade, mas ele não tem informações sobre os desdobramentos da ação. No ofício, a Associação criticou a forma como é feita a operação de combate ao garimpo ilegal promovida pelo governo Lula e teme o aumento do risco de genocídio indígena.

“A comoção gerada pelo forte impacto do garimpo, aliada à pressão dos líderes Yanomami e autoridades internacionais, levou o Presidente da República, em um dos seus primeiros atos na presidência, decretar a desintrusão imediata dos invasores que estão dentro da Terra Indígena Yanomami, agravando o risco de genocídio indígena, em razão dos atos de retaliação que serão cometidos contra a população”, considera a associação.

Desde a semana passada, uma força-tarefa do governo federal atua no combate ao garimpo ilegal em terras indígenas. A operação, que envolve 500 policiais federais, agentes da Força Nacional e militares das Forças Armadas, optou por permitir a fuga de garimpeiros para evitar o uso da força “sem planejamento”.

Intercept procurou a Polícia Federal e o Ministério da Justiça para saber os possíveis desdobramentos da ação, mas não houve retorno até o fechamento deste texto.

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