Pedido ocorreu logo após a participação de Delgatti na CPMI do 8 de janeiro na última quinta-feira (17)
Avaliação é de que Delgatti trouxe dados novos durante a oitiva que precisam ser novamente relatados aos investigadoresMateus Bonomi/Agif-Agência de Fotografia/Estadão ConteúdoO hacker Walter Delgatti Neto foi convocado para prestar um
novo depoimento à Polícia Federal (PF), nesta sexta-feira (18), a partir das
9h.
O pedido ocorreu logo após a participação de Delgatti na CPMI
do 8 de janeiro na última quinta-feira (17). A avaliação é de que ele trouxe
dados novos durante a oitiva, que precisam ser novamente relatados aos
investigadores.
Entre outros pontos, o hacker disse que o ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) pediu para que ele assumisse a autoria de um grampo que teria
sido realizado contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF).
De acordo com Delgatti, a parlamentar pegou um celular novo,
inseriu um chip que ele acredita nunca ter sido utilizado, e o ex-chefe do
Executivo entrou em contato.
“Nisso, eu falei com o presidente da República e, segundo
ele, eles haviam conseguido um grampo –que era tão esperado à época– do
ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, esse grampo foi realizado já, teria
conversas comprometedoras do ministro e ele precisava que eu assumisse a
autoria desse grampo”, disse o hacker.
Delgatti acrescentou que, à época, sua imagem estava atrelada
às mensagens que ele obteve de promotores da Lava Jato, o que ficou conhecido
como “Operação Vaza Jato”.
“Então seria difícil a esquerda questionar essa autoria,
porque lá atrás eu havia assumido a Vaza Jato e eles apoiaram.” “Então, a ideia
seria o garoto da esquerda assumir esse grampo”, continuou.
“Ele [Bolsonaro] disse, no telefonema, que esse grampo foi
realizado por agentes de outro país. Não sei se é verdade, se realmente
aconteceu o grampo porque não tive acesso a ele. E disse que, em troca, eu
teria o prometido indulto. E ele ainda disse assim: ‘Se caso alguém te prender
[sic], eu mando prender o juiz’, e deu risada”, completou.
Delgatti falou que entendeu que esse grampo seria suficiente
“para alguma ação contra o ministro” e para fazer com que as eleições fossem
realizadas com a urna que imprimisse o voto. Ele afirmou que concordou
Ao ser questionado pelo deputado federal Duarte Junior
(PSB-MA), o hacker afirmou à CPMI do 8 de janeiro que Bolsonaro lhe deu “carta
branca” para que ele fizesse “o que quisesse” com relação às urnas eletrônicas.
“Ele [Bolsonaro] me deu carta branca para fazer o que eu
quisesse relacionado às urnas. Eu poderia, segundo ele, cometer um ilícito que
seria anistiado, perdoado, indultado no caso”, declarou Delgatti.
Depoimento anterior
Delgatti prestou depoimento à PF na última quarta-feira (16),
sobre a invasão e inserção de dados falsos nos sistemas de tecnologia do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em janeiro deste ano, dias antes dos atos
antidemocráticos.
O hacker afirmou que a invasão foi feita a pedido de Carla Zambelli e também que recebeu R$ 40 mil. A parlamentar nega.