"Sergio, Curitiba não te ajudou em nada. Aproveite que está no Senado e estude um pouco. A biblioteca do Senado é ótima, você deveria frequentar”, disse o decano
Gilmar Mendes e Sergio Moro (Foto: Reprodução | ABR)Perto de ter o seu mandato de senador cassado e isolado
politicamente, Sergio Moro busca em bilaterais apoio para tentar reverter a
grave situação em que se encontra e, de acordo com a jornalista Mônica Bergamo,
em sua coluna no jornal Folha de S.Paulo, o ex-juiz considerado suspeito pelo
STF convidou o ministro do STF Gilmar Mendes, crítico notório da Lava Jato,
para um diálogo presencial.
Além dos dois, estava na conversa o senador Wellington
Fagundes, do PL do Mato Grosso, que intermediou o encontro a pedido de Moro,
devido ao bom trânsito que tem com Gilmar.
Moro iniciou a
conversa negando que tenha cometido
qualquer crime que justifique uma investida como a que o corregedor nacional de
Justiça, Luís Felipe Salomão, vem anunciando que fará, ao enviar ao Supremo
Tribunal Federal o relato de supostos desvios encontrados na 13ª Vara de
Curitiba, em que Moro foi titular e de onde comandou a Lava Jato. Sobre a
operação, negou que a Lava Jato tenha cometido ilegalidades
O decano ouviu e então disparou: “Você e Dallagnol roubavam
galinha juntos. Não diga que não, Sergio”, disse Gilmar, que a todo o tempo foi
tratado de “ministro” e “senhor” por Moro, a quem preferia responder simplesmente
por “Sergio” e “você”.
“Tudo o que a Vaza Jato revelou, eu já sabia que você e
Dallagnol faziam. Vocês combinavam o que estaria nas peças. Não venha dizer que
não”, continuou Gilmar.
Com ironia, Gilmar ainda relembrou que “certa vez, o Paulo
Guedes veio aqui ao meu gabinete e disse orgulhoso que havia sido ele quem
havia ido a Curitiba convidar você para ser ministro do Bolsonaro. Eu disse a
ele que talvez ele não tenha percebido, mas, ao conseguir tirar você de
Curitiba, ele deveria colocar isso no currículo. Foi certamente um dos maiores
feitos dele no ministério”, tripudiou Gilmar, diante de um Moro com sorriso
amarelo.
Moro ressaltou que nunca atacou o Supremo e que não
concordava com os ataques que o tribunal sofria, no entanto não explicou seu
apoio a Jair Bolsonaro, a quem serviu como ministro e ainda prestou assessoria
no segundo turno das eleições de 2002.
“Você faltou a muitas aulas, Sergio. Curitiba não te ajudou em nada. Aproveite que está no Senado e estude um pouco. A biblioteca do Senado é ótima, você deveria frequentar”, finalizou Gilmar.