Esta é a primeira vez que o comando do Exército no governo de Jair Bolsonaro (PL) é citado como responsável por barrar os esvaziamentos do acampamento golpista.
Um policial militar do Distrito Federal implicou dois
generais do Exército na empreitada para evitar o esvaziamento do acampamento
golpista no quartel-general do Exército em Brasília.
O coronel da PM Jorge Eduardo Naime Barreto narrou em
depoimento à Polícia Federal vetos da cúpula do Exército para retirada de
golpistas do acampamento.
Naime foi preso na terça (7) por ordem do ministro Alexandre
de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) e detalhou como o Exército impediu
o fim do acampamento antes da posse do presidente Lula (PT).
O policial descreveu aos investigadores uma reunião no
Palácio do Planalto com a participação de policiais e militares em que foi
apresentado o plano para retirada dos bolsonaristas do QG antes da posse de
Lula.
Foi o do QG do Exército que partiram os bolsonaristas que
atacaram o prédio da PF em 12 de dezembro e, também, os envolvidos nas
depredações aos prédios dos três Poderes.
Naime disse que após a reunião a PM disponibilizou os meios
necessários para a operação. "Mais de 500 policiais, tropa de choque e
aeronave", disse.
"Que ficaram em condições para efetuar a operação de
retirada do acampamento em frente à Igreja Rainha da Paz; que, posteriormente
chegou a informação que o general Dutra, por ordem do comandante do Exército,
havia suspendido a operação."
Naime disse à PF que essa essa foi "apenas uma das
reuniões nas quais se tentou retirar o acampamento" e que "houve
diversas outras reuniões com esse objetivo, mas o Exército frustrou todos os
planejamentos e tentativas."
O PM afirmou que essa informação foi repassada a ele pelo
ex-comandante da PM Fábio Augusto Vieira, exonerado do cargo após os ataques
antidemocráticos do dia 8 de janeiro e que chegou a ser preso por determinação
de Moraes.
Esta é a primeira vez que o comando do Exército no governo de
Jair Bolsonaro (PL) é citado como responsável por barrar os esvaziamentos do
acampamento golpista.
O comandante da Força à época era o general Marco Antonio
Freire Gomes. Ele foi substituído por Julio Cesar Arruda, demitido por Lula
após os ataques golpistas.
Naime também detalhou em seu depoimento como o Exército
barrou a entrada da PM no QG logo após os ataques e impediu a prisão de
golpistas.
Assim que chegou no local após os ataques, Naime conta que
começou a discutir como seriam realizadas as prisões.
Nesse momento, diz ele, um oficial do Exército informou que
havia sido montada uma linha de choque inclusive com blindados, para impedir a
entrada da PM.
Segundo Naime, nesse momento, o general Dutra, comandante
Militar do Planalto, chegou no local e passou a discutir com o interventor
Ricardo Cappelli. O interventor defendia a entrada e Dutra negou a permissão.
Dutra foi vitorioso na discussão uma vez que a PM não pode entrara na noite do dia 8 e somente realizou a retirada na manhã da segunda (9), quando vários golpistas já haviam deixado o local.