Ex-ministro vê também Marçal como candidato a presidente em 2026, dividindo a extrema-direita
Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.
Paulo, o ex-ministro José Dirceu, uma das principais lideranças históricas do
PT, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será candidato à
reeleição em 2026 e que sua vitória é provável. "Lula é o candidato. E a
tendência é que se reeleja", declarou Dirceu, confiante no atual momento
do governo. Segundo ele, 2025 pode ser um ano de crescimento econômico e
estabilidade política, caso o governo consiga consolidar uma base de apoio
parlamentar robusta.
Dirceu também comentou sobre a ascensão de Pablo Marçal, que
desponta como uma nova liderança na extrema-direita. Ele acredita que Marçal
deve se candidatar à Presidência em 2026, representando um desafio para o
bolsonarismo. "O Marçal vai dividir a direita. Comparado ao Bolsonaro, ele
é uma criação genuína do momento que estamos vivendo", afirmou. Para
Dirceu, Marçal representa um problema maior para a extrema-direita do que para
a esquerda, já que ele traz um perfil diferente, mais próximo das classes populares,
e pode fragmentar o eleitorado conservador.
Críticas à esquerda
O ex-ministro não poupou críticas à esquerda, especialmente em relação ao que considera um comportamento de "recuo" em pautas importantes. Segundo Dirceu, a esquerda tem adotado posturas que favorecem a direita, o que ele considera um erro estratégico. "Nós perdemos o norte, o núcleo do nosso pensamento. Em questões como a ressocialização de presos e a isenção fiscal para igrejas, a esquerda recuou e passou ridículo", destacou.
Dirceu vê a possível candidatura de Marçal como um fator de
desestabilização para a direita, ao contrário de Bolsonaro, que ele descreve
como uma figura "folclórica" comparada a Marçal. "Bolsonaro vira
um bobo da corte perto de Marçal. O ex-coach é jovem, veio da pobreza e conhece
a periferia. Ele tem mais autenticidade para dialogar com parte do eleitorado
que Bolsonaro nunca alcançou", explicou.
Apesar de suas críticas à atual conjuntura política, Dirceu se mantém otimista quanto ao futuro da esquerda no Brasil e à continuidade da liderança de Lula. Ele acredita que o país está em uma fase de transição e que, apesar das dificuldades, o PT tem condições de se renovar e se manter relevante no cenário político nacional.