Crescimento da renda, do emprego e do crédito explicam otimismo, aponta associação de fabricantes. Empresas aumentam estoques em até 50% para Black Friday e Natal, com destaque para a linha branca
Consumo em alta: entre janeiro e agosto, foram vendidas 71 milhões de unidades no paísO crescimento da economia, puxado pelo aumento do emprego e da renda, aliado a uma queda do endividamento das famílias, aqueceu as vendas de eletrodomésticos no país. Após uma alta de 31,5% do consumo entre janeiro e agosto, em comparação ao mesmo período do ano passado, o setor agora projeta um boom de vendas neste final de ano, sobretudo na Black Friday, que ocorre em novembro, e no Natal.
Dados da Eletros, a associação dos fabricantes, apontam que as lojas venderam 71 milhões de unidades entre janeiro e agosto de 2024. Com isso, o setor, representado por empresas como Samsung, LG, Philips Walita, Whirlpool e Semp TCL, entre outras, reforçou os estoques. O aumento das unidades chegou a 50% em relação ao segundo semestre de 2023. Os fabricantes também fizeram investimentos em logística para preparar o setor para o final do ano e, em acordo com a rede varejista, também irão oferecer melhores condições de parcelamento.
Renda, emprego e crédito explicam aquecimento
Em reportagem sobre o aquecimento do setor, o jornal O Globo entrevistou o presidente da Eletros Jorge Nascimento, que atestou a melhora do ambiente econômico do país, em especial da renda.
“Com mais controle do orçamento pelas famílias, inflação mais baixa, distribuição de renda e políticas públicas para limpar o nome, você cria um ambiente favorável ao consumo”, declarou Nascimento, referindo-se a medidas do governo Lula como o aumento do salário mínimo acima da inflação e o programa Desenrola, responsável pela renegociação de dívidas das famílias brasileiras.
O economista-sênior da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes, também destaca o controle da inflação e o aumento do crédito como fatores positivos no quadro geral das vendas. De acordo com Bentes, a inflação da indústria teve variação negativa no acumulado de 12 meses até abril, chegando a -4,5% em fevereiro, o que facilitou as vendas.
Já Nascimento faz um alerta para que o setor mantenha o otimismo do primeiro semestre: “A elevação dos juros complica, porque a maioria dos nossos produtos é vendida a prazo”, adverte o presidente de Eletros.
“Meu salário aumentou”
O jornal também ouviu consumidores, que confirmaram o bom momento das famílias. “Agora está mais tranquilo para comprar. Na pandemia, eu estava em outro emprego, ganhando menos. Agora, meu salário aumentou”, festejou o açougueiro Jairo da Silva, de 49 anos, em depoimento ao diário. “Também trocamos recentemente a TV da sala e a máquina de lavar por um modelo lava e seca, mais moderno”, relatou.
Com o aumento das temperaturas no país, reflexo das mudanças climáticas, as vendas de aparelhos de ar condicionado dispararam, chegando a subir quase 70% entre janeiro e agosto sobre igual período de 2023. Já os ventiladores e purificadores de água tiveram crescimento das vendas de mais de 120%.
Na chamada linha branca, as geladeiras e os fogões também registraram alta nas vendas, de 20% e 15%, respectivamente. Para o fim do ano, os fabricantes apostam em uma boa saída dos produtos, assim como de máquinas de café, TVs e fritadeiras elétricas.