Delgatti estava sob uso de tornozeleira eletrônica desde 10 de julho por decisão da Justiça.
Preso hoje pela Polícia Federal, Walter Delgatti Neto,
conhecido como hacker da Vaza Jato, usou uma credencial falsa de um funcionário
que presta serviços ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) remotamente para ter
acesso ao sistema do órgão. As informações foram obtidas em investigação da PF
e enviadas ao STF.
O que aconteceu?
A PF prendeu na manhã de hoje, em Araraquara (SP), Walter
Delgatti Neto, e realizou busca e apreensão em endereços da deputada federal
Carla Zambelli (PL) por ordem do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal)
Alexandre de Moraes.
Eles são investigados pela invasão aos sistemas do CNJ
(Conselho Nacional de Justiça) e pela inserção de documentos e alvarás de
soltura falsos no BNMP (Banco Nacional de Mandados de Prisão).
Na decisão em que ordena as ações da operação, Moraes escreve
que a inclusão de um falso pedido de prisão contra ele e solicitações de soltura
de outros presos foi possível porque Delgatti usou uma credencial falsa de um
funcionário que trabalhava de forma remota e é vinculado a uma instituição que
presta serviços técnicos ao órgão.
Conforme relatou a Procuradoria-Geral da República, citada no
despacho de Moraes, Delgatti disse em depoimento que invadiu o CNJ para mostrar
fragilidades no sistema.
Encontro em posto com
Zambelli
Ainda segundo o relato de Delgatti, a ideia teria sido combinada
em setembro de 2022, quando se encontrou com Zambelli em um posto de
combustíveis na rodovia Bandeirantes, em São Paulo. O objetivo seria invadir
urnas ou sistemas da Justiça Eleitoral para demonstrar fraquezas na segurança.
A peça relata que Delgatti não conseguiu invadir sistemas do
TSE (Tribunal Superior Eleitoral) porque o código fonte da urna eletrônica
estaria hospedado em um computador offline.
Se não tivesse sucesso, continuou Delgatti, a ideia era obter
conversas privadas do celular de Moraes. Ele teria tentado acesso por meio de
um funcionário de uma operadora de telefone móvel, mas também não conseguiu.
Segundo Delgatti, Zambelli ainda teria vazado o mandado de
prisão falso para o site Metrópoles.
Assessores da deputada federal fizeram pagamentos via Pix, de
R$ 13.500, para o hacker Walter Delgatti Neto, de acordo com relatório da
Polícia Federal. Por isso, houve quebra de sigilo bancário de todos os
envolvidos no caso.
Advogado de Walter Delgatti, Ariovaldo Moreira, informou ao
UOL que seu cliente está preso na PF de Araraquara, mas não deu detalhes sobre
os próximos passos da defesa.
É a terceira vez que o hacker é preso pela PF. As outras duas
ocorreram em 2019, na Operação Spoofing. Solto em 2020 com tornozeleira
eletrônica, foi preso novamente em junho de 2023 por descumprir as medidas
judiciais, já que afirmou que cuidava das redes sociais de Carla Zambelli, o
que era proibido.
Delgatti estava sob uso de tornozeleira eletrônica desde 10
de julho por decisão da Justiça.
Além de armas, munições, passaportes e dispositivos eletrônicos,
Moraes ordenou apreensão de veículos eventualmente encontrados no endereço e
nos armários de garagem, dinheiro e bens, como joias, obras de arte e outros
objetos, em valores superiores a R$ 10 mil desde que não comprovada cabalmente,
no local dos fatos, a origem lícita.
Os fatos investigados configuram os crimes de invasão de
dispositivo informático e falsidade ideológica.
Zambelli nega cometimento de qualquer crime e diz que está
disposta a cooperar com autoridades.