Andrei Rodrigues destacou que os processos foram anulados pelo STF devido a relações inadequadas entre a PF, o Ministério Público e a Justiça
Diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, durante entrevista coletiva em Brasília (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Passos
Rodrigues, admitiu em entrevista ao jornal O Globo que a Operação Lava-Jato
deixou um legado de aprendizado para a instituição. Rodrigues destacou que os
processos foram anulados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) devido a relações
inadequadas entre a PF, o Ministério Público e a Justiça. Ele enfatizou que a
PF tem buscado trabalhar com responsabilidade, seguindo a legislação e as normas
que regem as investigações.
Durante a conversa, Rodrigues reconheceu que a Suprema Corte
anulou as investigações devido a diversos vícios, nos quais a Polícia Federal
participou em conjunto com o Ministério Público e a Justiça. Ele ressaltou que
a relação entre as instituições violou o interesse público e as regras do
processo de investigação. Atualmente, a PF está focada em uma abordagem
técnica, mantendo a autonomia da equipe de investigação, mas também garantindo
a qualidade das provas e a responsabilidade em seus procedimentos. "O que
se viu em gravações e em áudios que vieram a público foi uma relação
absolutamente inaceitável, que fere o interesse público e as regras do jogo da
investigação. Hoje, buscamos exatamente o contrário: trabalhar com muita
responsabilidade, com foco na legislação e nas normas que regem as
investigações", disse ele.
O diretor-geral também abordou a questão da exposição pessoal
de investigadores durante a Lava-Jato, citando entrevistas coletivas e
apresentações públicas que não são mais realizadas sob sua gestão. Ele
salientou que a PF agora atua de maneira imparcial, sem viés
político-partidário, e propôs a proibição de policiais serem candidatos
políticos ou filiarem-se a partidos dentro da instituição. Rodrigues enfatizou
o compromisso da PF em coibir qualquer tipo de direcionamento político nas
investigações, mantendo a integridade e a imparcialidade da instituição.