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 A polarização política é uma aposta boa para Bolsonaro, porque dificulta uma candidatura robusta de centro, como aconteceu nas eleições de 2018

foto (crédito: Anderson Riedel/PR)
Luiz Carlos Azedo

O presidente Jair Bolsonaro já tem um adversário para chamar de seu nas eleições de 2022. Até a anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não sabia quem seria seu “inimigo principal”, porque largava como favorito, e somente o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, nas pesquisas de opinião, aparecia com chances de derrotá-lo. O cenário era de muita fragmentação na oposição e ausência de um político capaz de realmente polarizar a disputa. Agora, não. Lula devolveu o entusiasmo à militância petista e ameaça Bolsonaro. Antecipou o debate eleitoral e já mira o segundo turno do pleito.

Entretanto, a polarização política é uma aposta boa para Bolsonaro, porque dificulta uma candidatura robusta de centro, como aconteceu nas eleições de 2018. A diferença é que Lula tem muito mais carisma do que o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação Fernando Haddad, o petista derrotado naquele ano. O ex-presidente tem um acervo de realizações econômicas (uma taxa de crescimento de 7%) e sociais (o Bolsa Família) e, na fala de ontem, colocou-se como presidente mais bem-sucedido do que Bolsonaro. Acredita que desmoralizará Moro e procuradores da Lava-Jato, que estão sendo julgados por suspeição na Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Com isso, pretende Lula mitigar o desgaste dos escândalos do mensalão e da Petrobras, ainda mais agora, que a anulação de suas condenações corrobora o discurso petista de que ele foi injustiçado.

Esquerda

Os petistas já avaliam que houve uma mudança no quadro político. “O centro já estava tendo muita dificuldade antes disso. Você vê que eles não conseguem botar de pé nada, ficou claro desde a derrota do Rodrigo Maia na Câmara. Agora, a polarização de Lula e Bolsonaro está colocada, não é a gente que escolhe”, disse o deputado federal Carlos Zaratinni (PT-SP), logo após a anulação das condenações de Lula. Haddad não era capaz de unir a esquerda, confrontado por Ciro Gomes (PDT) e pressionado por Guilherme Boulos (PSol). O novo cenário não fez Ciro Gomes jogar a tolha. O ex-governador do Ceará é a favor da anulação das condenações de Lula, porque restabelece o devido processo legal, mas nem por isso poupa o petista: “Não é que o Lula seja inocente, tem um brasileiro aqui que conhece o Lula de longa data. A ladroeira, a corrupção faziam parte orgânica do modelo de poder do lulopetismo, do governo Lula e Dilma”, comentou. No seu pronunciamento, Lula alfinetou seu ex-ministro e disse que Ciro precisa ter mais humildade.

Herdeiro dos votos petistas na capital paulista nas eleições municipais passadas, Boulos era uma ameaça para Haddad, pois tem um perfil muito mais próximo de Lula. Entretanto, com a candidatura do ex-presidente da República, o cenário muda completamente. Sua candidatura à Presidência está sendo volatilizada. É mais jogo para Boulos um acordo com Lula, para disputar o governo de São Paulo. “Lula é uma liderança popular, a maior liderança no campo progressista do Brasil. Isso vai mexer com todas as peças do tabuleiro”, avaliaou o político do PSol. É outro que está no radar do ex-presidente, que, ontem, negou ser candidato e disse que vai conversar, ainda, com os aliados sobre a formação de uma frente ampla contra o chefe do Executivo.

Ex-ministro

Bolsonaro também pode ser muito favorecido pela suspeição de Moro, que é a maior ameaça perante o eleitorado que o elegeu em 2018. Mas o ex-ministro da Justiça, que se notabilizou com a Lava-Jato e rompeu com o chefe do Planalto, mantém intacto o seu prestígio de “caçador de corruptos” segundo à opinião pública. Ao contrário de Bolsonaro, cujas relações com as milícias do Rio de Janeiro foram desnudadas no escândalo das rachadinhas da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, envolvendo seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Moro está mergulhado, não se pronuncia.

Eleitoralmente, Moro continua sendo um nome muito competitivo; politicamente, está isolado. Sua alternativa partidária seria o Podemos, mas a cúpula da legenda já andou conversando com o apresentador Luciano Huck. A saída do ex-juiz da disputa de 2022 pode reagrupar o eleitorado conservador em torno de Bolsonaro.

foto ilustrativa

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