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Aumento foi de 93% em relação a 2021. Do total atingido pelo fogo, 85% estavam na Amazônia (Por Cleide Carvalho) 

Área de floresta queimada em Candeias do Jamari (RO)

O Brasil teve 16,3 milhões de hectares (ha) queimados no ano passado, dos quais 2,8 milhões de hectares correspondem a florestas. A área de queimadas em todo o país aumentou 14% em relação a 2021 e superou em tamanho o estado do Acre, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo projeto MapBiomas. A perda de florestas, porém, quase dobrou. O aumento foi de 93% na comparação com 2021 e 85% do fogo foi registrado na floresta amazônica (2,38 milhões de hectares).

Se em 2021 o cerrado foi o bioma mais atingido pelo fogo, este ano, a Amazônia foi a região mais afetada, com 7,9 milhões de hectares, o que equivale a 49% do total. Os estados com maiores extensões queimadas foram Mato Grosso, Pará e Tocantins.

Natália Crusco, que integra a equipe do MapBiomas, lembra que o fogo é a etapa seguinte ao desmatamento, usado para limpeza de áreas ocupadas. No ano passado, de acordo com levantamento do Imazon, o desmatamento na Amazônia foi o maior dos últimos 15 anos.

 O uso do fogo é uma das principais causas da destruição das florestas na Amazônia e a perda de cobertura florestal no bioma tem graves consequências para o meio ambiente. Ela provoca a perda de habitats para a vida selvagem, a degradação do solo e a intensificação da mudança climática, além de prejudicar a qualidade do ar -- afirma Felipe Martenexen, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e também pesquisador do MapBiomas.

O cerrado correspondeu a 45% das áreas queimadas, com 7,4 milhões de hectares em 2022. O MapBiomas assinala que o bioma segue sendo o mais afetado pelo fogo, uma vez que seu tamanho corresponde à metade da Amazônia.

O levantamento mostra ainda que 70% da área destruída por fogo em todo o país era ocupada por vegetação nativa, como formações savânicas e campestres. As florestas nativas representaram 30% do total. Os satélites mostram que um quarto da área total queimada foi ocupada por pastagens.

O Pantanal e a Mata Atlântica foram menos visados. A área queimada no Pantanal diminuiu 85% no ano passado, atingindo o menor patamar dos últimos quatro anos. A Caatinga seguiu o padrão do Pantanal, com 507.886 hectares queimados. A Mata Atlântica teve 203.429 hectares queimados, inferior aos 338.435 de 2021. Segundo Natália, a maior parte das queimadas na Mata Atlântica ocorre em áreas de pastagem e agrícolas e o uso do fogo para manejo do solo tem diminuído nos últimos anos.

Em contrapartida, o Pampa teve a maior área queimada dos últimos quatro anos, com 39.166 hectares.

Terras indígenas também são alvo de queimadas

As terras indígenas, alvo de garimpos e desmatamento, também estão sofrendo com queimadas. As maiores áreas destruídas pelo fogo são o Parque Indígena do Araguaia, a Terra Indígena Raposa Serra do Sol e Parque Indígena do Xingu. Na porção Norte da Amazônia, o fogo chamou atenção em dezembro, alcançando, além da TI Raposa Serra do Sol, a TI São Marcos e o Parque do Tumucumaque.

Entre as unidades de conservação queimadas, o Parque Nacional do Araguaia lidera o ranking, seguido pela Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins e Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba.

No último mês de 2022, o Monitor do Fogo registrou aumento de 90% nas queimadas, com a destruição de 332 mil hectares, quase o dobro do ano anterior. A Amazônia correspondeu a 71% da área queimada no último mês de 2022 e os estados com maiores extensões foram Maranhão (126 mil hectares), Pará (98 mil hectares) e Roraima (22 mil hectares). Somados, os três abrigam 57% da área total queimada total no período. Também em dezembro, a formação de pastagens foi o principal uso das terras.

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