PF aponta indícios de que Bolsonaro sabia de plano para matar Moraes e Lula
O ministro do Supremo, que é o relator da investigação,
afirmou a interlocutores que analisaria o documento com mais de 800 páginas
antes de encaminhar para a Procuradoria. A expectativa entre integrantes do STF
é que, diante do perfil rigoroso e minucioso de Moraes, esse envio à PGR ocorra
entre segunda e terça-feira.
Somente após o caso ser enviado ao Ministério Público Federal
(MPF) é que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, passará a analisar o
material para elaborar a sua manifestação sobre uma eventual denúncia contra os
investigados, arquivamento do caso ou pedido de novas diligências.
Se a PGR optar por seguir em frente com a acusação, o caso
será remetido ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo.
Auxiliares da Procuradoria avaliam que é possível que a denúncia apresentada
seja conjunta contra o ex-presidente – envolvendo também outras investigações
em curso, como a das joias sauditas e da fraude no cartão de vacina.
A expectativa é que, assim que a denúncia chegar à Corte,
Moraes leve o recebimento da acusação para o julgamento da Primeira Turma do
STF. O colegiado é presidido por Zanin e além de Moraes é integrado pelos
ministros Cármen Lúcia, Flávio Dino e Luiz Fux. Dino e Zanin foram indicados
pelo presidente Lula em seu terceiro mandato.
Caso os ministros decidam pelo recebimento da denúncia
oferecida pela PGR, Bolsonaro e os demais indiciados viram réus. A partir daí,
iniciaram o andamento do processo. Nesse estágio, tanto Bolsonaro quanto os
demais réus poderão apresentar as suas defesas ao Supremo e indicar
testemunhas.
Bolsonaro e outras 36 pessoas, a maioria militares, foram
indiciados pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição
do Estado democrático de direito e organização criminosa.
Segundo investigação da PF, o plano de tomar o poder e manter
Bolsonaro na presidência envolvia matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes no final de
2022.
O documento com o planejamento dos assassinatos, batizado de
“Punhal verde amarelo”, foi impresso no Palácio do Planalto pelo então número 2
da Secretaria-Geral da Presidência, general Mário Fernandes, que foi preso e
indiciado. A investigação aponta que, em 16 de dezembro de 2023, o militar fez
seis cópias do arquivo, o que, para os investigadores, indica que seriam
distribuídas em uma reunião.
A defesa do ex-presidente tem dito que Bolsonaro “jamais
compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado
Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”. Na primeira
manifestação após o indiciamento, Bolsonaro criticou Moraes em declaração ao
portal Metrópoles. Em entrevista ao GLOBO há duas semanas, ele disse que houve
debates sobre a decretação de um estado de sítio no país, mas afirmou que “não
é crime discutir a Constituição”.
Da Redação