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 Polícia Federal enumerou os núcleos de atuação do grupo criminoso

Após concluir o relatório de 884 páginas que levou ao indiciamento de Jair Bolsonaro por abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, a Polícia Federal avalia internamente que o documento pavimenta o caminho para a Procuradoria-Geral da República (PGR) unificar as diversas frentes de apuração e apresentar uma única – e robusta – denúncia contra o ex-presidente.

Para a cúpula da PF, o relatório dá munição para Gonet reunir em uma mesma denúncia as investigações da trama golpista, da fraude na carteira de vacinação de Covid-19 e no desvio das joias sauditas – em todas elas, Bolsonaro já foi indiciado pela corporação.

Nas três frentes de investigação, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, teve papel-chave na apuração, ao fechar um acordo de colaboração premiada com a corporação. Os investigadores também conseguiram recuperar mensagens apagadas no celular do militar, trazendo à tona pontos que haviam sido omitidos em sua delação.

Segundo o relatório da PF, uma organização criminosa atuou, “mediante divisão de tarefas, com o fim de obtenção de vantagem consistente em tentar manter o então presidente da República Jair Bolsonaro no poder”. Um dos pontos destacados pelos investigadores é a existência de cinco eixos de atuação interligados envolvendo a atuação dessa organização.

Seriam eles: ataques virtuais a opositores; ataques às instituições (especialmente ao STF e ao TSE) e às urnas; tentativa de golpe de Estado; ataques às vacinas contra a Covid-19 e às medidas sanitárias para enfrentar a pandemia; e o uso da estrutura do Estado para a obtenção de vantagens, o que incluiria a inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde e o desvio das joias sauditas.

Alguns desses eixos já haviam aparecido nos inquéritos específicos sobre a falsificação do cartão de vacinação de Bolsonaro e sobre o desvio das joias sauditas recebidas como chefe de estado para o acervo pessoal do presidente da República – o que indica que os crimes podem ser todos reunidos em uma mesma denúncia pela PGR.

“Na presente representação, a Polícia Federal enumerou os núcleos de atuação do grupo criminoso existentes e atuantes para operacionalizar medidas para (a) desacreditar o processo eleitoral, (b) planejamento e execução do golpe de Estado e (c) abolição do Estado Democrático de Direito; com a finalidade de manutenção e permanência de seu grupo no poder, e com a característica de interligação entre eles, uma vez que alguns investigados atuaram em mais de uma tarefa, colaborando em diversos núcleos de forma simultânea e coordenada”, escreveu o ministro Alexandre de Moraes na decisão que levantou o sigilo do relatório, frisando a conexão entre os diversos núcleos.

Conforme informou o blog, a PGR aguardava a conclusão da investigação da trama golpista para decidir o que fará não só nesse caso, mas também nos outros que miram o ex-presidente da República – o das joias sauditas e a fraude na carteira de vacinação.

A forma como o relatório final do inquérito da PF foi organizado reforça a noção da interligação desses núcleos e a tendência de que a PGR unifique os três casos em uma única denúncia.

Antes da conclusão do relatório da trama golpista, interlocutores do procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmaram ao blog que era preciso “esperar tudo” e aguardar o “filme completo” antes de decidir.

Agora, Gonet tem sinalizado nos bastidores que qualquer decisão vai ter que se suceder a “um bom tempo de preparação”, indicando que a denúncia só deve ser apresentada no início do ano que vem.

Conforme informou O GLOBO, a revelação do plano golpista que previa os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e de Moraes foi avaliada pela PGR como mais um elemento que reforça a possibilidade de uma única acusação criminal, em várias frentes, contra Bolsonaro e aliados.

Mas até lá não está descartada a possibilidade de Gonet cobrar da PF esclarecimentos de eventuais lacunas da investigação da trama golpista. Tanto no caso das joias sauditas quanto na fraude da carteira de vacinação, o procurador-geral da República solicitou novas informações após receber os relatórios da corporação.

No caso das joias, Gonet observou que “documentos importantes, mencionados e parcialmente transcritos no relatório conclusivo das investigações, ainda não foram juntados em sua integralidade ao processo”.

Já na carteira de vacinação, Gonet pediu esclarecimentos se Bolsonaro havia usado o cartão falsificado para ingressar nos Estados Unidos em dezembro de 2022.

As autoridades americanas acabaram esclarecendo que há registros de entradas e saídas de Bolsonaro entre janeiro de 2021 e março de 2023, mas que não há informações sobre eventuais comprovantes de vacinação. Essa é a investigação considerada menos potencialmente danosa a Bolsonaro, segundo seus aliados.


Por-Malu Gaspar Da Redação

Com informações da De 
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