Nas muitas participações em seminários, congressos, palestras
e fóruns sobre desenvolvimento econômico, empreendedorismo e geração de renda
que tenho estado presente desde que assumi a Gerencia da Casa do Empreendedor e
a coordenação do Programa de Microcrédito Empreender Mari, em janeiro de 2021,
percebo a necessidade de se tratar a importância da educação para construir uma
mentalidade empreendedora desde cedo nas pessoas que precisam acreditar nos
seus próprios sonhos.
Confesso que quando o assunto é política pública de geração
de renda e aquecimento do setor produtivo do município, me sinto um tanto
frustrado. Muito poderia ser feito caso as pessoas com poder de execução dessas
políticas tivessem a compreensão da importância delas.
As ações administrativas do setor não conseguem fluir
meramente de forma técnica, precisa da atuação política, através de articulação
de agentes políticos comprometidos com essas políticas produtivas.
Nesse quesito, vale ressaltar que os poucos apoios que
parecem chegar são de alguns parlamentares sem identidade com o setor, mas
tentam usufruir de eventuais resultados dele para apresentar a sociedade como
se fosse esforços seus.
No caso específico do Empreender Mari, da Casa do
Empreendedor, da qual faço parte, posso afirmar que em comparação ao passado,
avançamos bastante em vários aspectos: quadruplicamos os atendimentos. Focamos
na liberação de crédito para os microempreendedores, capacitamos uma centena de
pessoas para o setor de vendas e comércio; conseguimos formalizar uma dezena de
comerciantes que estavam na informalidade e que a partir de então passam a
contribuir com a previdência, ter seus direitos previdenciários/trabalhistas
garantidos e ainda ajudam na arrecadação de impostos para o município.
Mesmo assim, projetos importantes e estruturantes para a
economia local, como por exemplo o funcionamento da mini fábrica de polpa de
frutas, que o prédio encontra-se fechado no Bairro José Américo, não
conseguimos tirar do papel, seja pela questão burocrática, seja pela falta de
interesse dos setores majoritários da gestão que tem minimizado as políticas
públicas de aquecimento da economia.
A pergunta é a seguinte: como sobreviver em um município que
não valoriza a força do trabalho de sua gente e que os agentes públicos não tem
a capacidade de compreender o quanto é importante para a pujança dos negócios e
da economia local oferecer essas políticas públicas?
De um lado a cobrança da sociedade que espera resultados
concretos de todos os setores do serviço público e nós, no caso específico do
Empreender Mari, “apiados” seja pela burocracia que o serviço público
naturalmente apresenta ou pela falta de vontade política da própria gestão que
se acomodou apenas na execução de obras de pedra e cal.
São esses os gargalos que encontramos a frente da Casa do
Empreendedor e do Programa Empreender, lembrando que ambos são coisas
distintas, um é órgão do governo e outro programa de governo. A primeira tem
como missão assessorar, auxiliar médios, pequenos e micro empreendedores nas
mais diversas questões contábeis, jurídicas e de assessoramento…; o segundo tem
o papel efetivamente de impulsionar o desenvolvimento econômico do município,
através da oferta de crédito aos micro empreendedores, mais muito mais que isso,
a lei que criou o Empreender Mari é clara, a nossa missão é ser o “vetor
impulsionador” das atividades econômicas, proporcionando oportunidades, criando
ambiente de trabalho, facilitando a criação das oportunidades, viabilizando
mercado de compra e venda. E nesse aspecto lamentavelmente ainda não
conseguimos avançar o quanto nos exige a demanda.
Ao que parece, existe uma “trava” sobrenatural quando o
assunto é desenvolvimento econômico e geração de renda para a população, seja
pelo fato de que muitos só acreditam na geração de emprego a partir da atração
de grandes empresas e industrias [o que na prática não vai ocorrer a médio e
nem a longo prazo em Mari], seja pela concepção de que “arranjos produtivos”
não apresenta resultados práticos e imediatos, o que politicamente falando, não
atrai o interesse da classe política que sobrevive de captação de votos.
Pois bem, precisamos encontrar ambiente favorável para a
implementação de ações e políticas econômicas que tão importante se tornam para
fazer com que a economia do município possa girar e se desenvolver, criando
oportunidade para as pessoas sonharem, lutarem e se realizarem…