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Atos antidemocráticos / PF deve ouvir hoje general e coronéis do Exército sobre tentativa de golpe de Estado e os atentados de 8/1. Ex-diretor da Abin nega participação na trama golpista, assim como outros integrantes do governo Bolsonaro

A tentativa de golpe de Estado, por meio do planejamento da tomada de poder, de acordo com as investigações, envolve aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro - (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)

O ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem prestou depoimento à Polícia Federal na tarde de ontem, em Brasília. A oitiva ocorreu na sede da corporação no âmbito da investigação que apura atos antidemocráticos e uma tentativa de golpe de Estado.

De acordo com informações obtidas pelo Correio, Ramagem não deu detalhes de encontros que ocorreram no Planalto e em outros prédios públicos nas semanas que antecederam os ataques de 8 de janeiro. Ele negou, em depoimento, a intenção golpista e disse não ter participado ou atuado em qualquer encontro para elaborar uma minuta que poderia ser usada para decretar golpe de Estado.

A coleta do depoimento de Ramagem foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apontar indícios que ligam uma articulação para um golpe de Estado e os atentados de 8 de janeiro de 2023 — quando extremistas invadiram e depredaram prédios públicos em Brasília.

Hoje a PF deve tomar o depoimento de um general e coronéis do Exército que ainda não foram ouvidos no curso das investigações. A tentativa de golpe de Estado, por meio do planejamento da tomada de poder, de acordo com as investigações, envolve aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre as articulações, de acordo com as diligências, está o esquema de espionagem mantido na Abin durante a gestão de Ramagem. O ex-chefe da Abin é atualmente deputado federal pelo PL.

Bolsonaro também é investigado. Recai sobre o ex-presidente a suspeita de que ele participou da elaboração de uma minuta golpista, que pretendia decretar estado de sítio e prender ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O documento com este teor foi encontrado no computador do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Em depoimento, Torres disse não se lembrar da produção do texto.

Um documento de teor parecido também foi encontrado na sede do Partido Liberal, em Brasília. Ambos os casos fazem parte da apuração da PF. As diligências estão na reta final. Assim que o procedimento for concluído, um relatório será enviado ao Supremo apontando eventuais envolvidos nos atos.

Ligações

No mês passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) identificou ligações entre diferentes ações e atos antidemocráticos. As informações, enviadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), ligam aliados de Jair Bolsonaro aos ataques que atingiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e a sede da Suprema Corte em janeiro de 2023, poucos dias após a posse do governo eleito. As informações subsidiam a decisão do Supremo de determinar que a PF ouça Alexandre Ramagem e outros suspeitos de envolvimento. Procurado pela reportagem, Ramagem não quis comentar o caso.

No entendimento do procurador-geral da República, Paulo Gonet, "a atuação da organização criminosa investigada foi essencial para a eclosão dos atos depredatórios", referindo-se à destruição de prédios públicos na capital federal por milhares de extremistas.

Da Redação

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