Em evento em que se discute as redes sociais e a democracia, ministro lembrou o aniversário de cinco anos do assassinato da vereadora
Na véspera do aniversário de cinco anos da morte da vereadora
Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, o ministro da Justiça e
Segurança Pública, Flávio Dino, criticou a forma com que as autoridades lidaram
com o caso. Para o ministro, após a parlamentar ser assassinada, em 14 de março
de 2018, políticos “se dedicaram a matá-la novamente”.
“O que foram os 10 últimos anos da política brasileira? A
hegemonia do ódio, de 2013 a 2023. Marielle foi assassinada e, no dia seguinte,
políticos e autoridades do Poder Judiciário, entre outros, dedicaram-se a
matá-la novamente. E até hoje é como se houvesse um homicídio por dia”, afirmou
Dino.
O chefe da pasta de Segurança Pública fez a declaração
durante o seminário Liberdade de Expressão, Redes Sociais e Democracia, na
Fundação Getulio Vargas (FGV), nesta segunda-feira (13/3). Dino se refere à
disseminação de notícias falsas envolvendo o nome de Marielle após o
assassinato. Entre as peças de desinformação, havia quem afirmasse, inclusive,
que a vereadora era casada com o traficante Marcinho VP, do Comando Vermelho, o
que é mentira.
“Amanhã completam cinco anos [desde] que a vereadora Marielle
Franco foi assassinada no Rio de Janeiro. Por que eu trago isso, além da
dimensão da homenagem? Porque precisamos compreender: só é possível entender
esse debate compreendendo que vivemos uma quadra histórica semelhante àquela
que se verificou na Europa 100 anos atrás, em que a manipulação de afetos é
constituinte da luta política”, disse Dino.
Após assumir a Segurança Pública, o ministro tomou como
tarefa pessoal a elucidação do caso: nas palavras dele, a resolução do crime é
uma “questão de honra”. Até agora, apenas os executores do assassinato foram
presos; a Justiça ainda não chegou a possíveis mandantes do crime. Em
fevereiro, Flávio Dino determinou que a Polícia Federal entrasse na
investigação.
“O caso da Marielle serve de referência para aquilo que o Brasil não deve ser, não pode ser. E talvez esse debate sobre internet possibilite uma porta em que nós consigamos sair desse labirinto de ódio e vale-tudo em que a política brasileira se viu imersa nesses últimos anos”, ponderou o ministro.