Jair Bolsonaro viajou para os EUA no fim do ano passado. Neste mês, ele disse que pode voltar ao Brasil em março, mas citou risco de prisão
O ministro da Justiça e Segurança Política, Flávio Dino,
afirmou, nesta terça-feira (28/2), que o governo poderá usar, caso avalie
necessário, um mecanismo de cooperação internacional para fazer com que o
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) retorne ao Brasil.
Em conversa com a imprensa, no Palácio do Planalto, o
ministro foi questionado sobre uma reportagem da agência Bloomberg que diz que
o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estipula um “deadline” para que
Bolsonaro deixe os Estados Unidos e preste eventuais esclarecimentos à Justiça
brasileira. Esse limite seria abril.
“Na verdade, não é propriamente um deadline de governo. […]
Se ele não comparece nos próximos meses, é claro que a Polícia Federal vai
pedir providências ao Poder Judiciário para que deflagre algum mecanismo de
cooperação jurídica internacional, o que é uma tendência que nós estamos
defendendo”, disse Dino.
“De modo geral, o Ministério da Justiça busca a cooperação
política internacional e poderá buscar, nesse caso, se for necessário. Não é
algo que está colocado na ordem do dia, mas, no limite, sim, seria possível. O
prazo é do consenso, que a gente espera que ele venha. Sempre há uma
esperança”, acrescentou.
O ex-presidente viajou para Orlando, na Flórida, no fim do
ano passado, a dois dias de terminar o mandato. Desde então, está hospedado na
casa de um amigo em um condomínio da cidade.
Neste mês, em entrevista ao jornal norte-americano The Wall
Street Journal, Bolsonaro disse que deve voltar ao Brasil em março, mas
ponderou que há risco de prisão.
O ex-mandatário é apontado como responsável político pelos
atos antidemocráticos de 8 de janeiro, quando bolsonaristas radicais invadiram
e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, opondo-se à vitória de
Lula nas eleições de outubro passado.
Após os atos golpistas, a Polícia Federal encontrou uma
minuta de decreto na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, aliado de
Bolsonaro. O documento pregava instaurar estado de defesa na Corte e mudar o
resultado das eleições de 2022.
A minuta foi incluída em uma ação de investigação contra o
ex-presidente e o então candidato a vice, Braga Netto, já em tramitação no
tribunal. A defesa de Bolsonaro tentou recorrer da decisão, mas a Justiça
Eleitoral rejeitou o pedido por unanimidade.