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 O senador Alessandro Vieira protocolou ainda em julho um pedido de instalação de uma CPI para apurar áudios em que Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada de Bolsonaro, coordenava esquema de rachadinha no seu gabinete quando era deputado

Presidente Jair Bolsonaro e filhos Flávio (esquerda), Eduardo (direita) e Carlos (extrema direita)(foto: Divulgação)

Os senadores do chamado G7 da CPI da Covid já planejam uma próxima investigação logo após a aprovação do relatório da comissão que apurou ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia. Segundo informação da jornalista Juliana Dal Piva para o UOL, logo após a votação do documento, os senadores vão se articular para coletar as assinaturas necessárias para a instalação de uma nova CPI, dedicada a apurar os indícios de entrega obrigatória de salários de ex-assessores no antigo gabinete de Jair Bolsonaro, no período em que ele foi deputado federal - prática ilícita é popularmente conhecida como "rachadinha".

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), membro suplente da comissão, protocolou ainda em julho um pedido de instalação de uma CPI para apurar áudios em que Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro, afirma que Bolsonaro sabia e cobrava parte do salário dos assessores de seu gabinete quando era deputado federal, entre 1991 e 2018.

Na ocasião, Vieira disse que "os fatos são gravíssimos e exigem apuração. O Senado tem legitimidade e estatura para fazer essa investigação, mesmo em um momento tão difícil da nossa história".

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Ainda em julho, o relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), tentou solicitar a convocação de Andrea na comissão, mas não conseguiu apoio no grupo do G7. A CPI chegou a aprovar a convocação de Ana Cristina Valle, irmã de Andrea e segunda mulher do presidente, para falar sobre sua relação com o lobista Marconny Faria, que atuou pela Precisa Medicamentos, empresa investigada na aquisição das vacinas Covaxin.

Ana Cristina e o lobista trocaram algumas mensagens, descobertas pelo MPF do Pará, no ano passado, e que indicavam que ela tentou ajudá-lo a obter nomeações para cargos no governo federal. A convocação dela, todavia, não teve sucesso por falta de consenso no grupo dos sete senadores de oposição e independentes.

Ana Cristina chegou a ser citada no relatório final de Renan Calheiros, pela sua relação com Marconny, mas não consta na lista de indiciados.

 

"Posso ferrar a vida do Jair"

Um série de reportagens da jornalista Juliana Dal Piva apontaram o envolvimento direto de Jair Bolsonaro com esquema de rachadinha no seu gabinete na Câmara dos Deputados. Ate então, esse tipo de acusação só era relacionada aos seus filhos Flávio e Carlos Bolsonaro.

Em áudios obtidos pela reportagem, a ex-cunhada do presidente, Andrea Siqueira Valle, conta que Bolsonaro exigia parte dos salários dos parentes da companheira que foram nomeados nos gabinetes de sua família. No registro, ela conta que o irmão, André Siqueira Valle, foi demitido por ter se recusado a entregar o montante, conforme combinado.

“O André dava muito problema, porque nunca devolvia o dinheiro certo. Tinha que devolver seis mil, o André devolvia dois, três, foi um tempão assim. Até que o Jair disse ‘chega, pode tirar ele porque nunca me devolve o dinheiro certo’”, afirma a ex-cunhada do presidente em um áudio.

E segue: “Não é pouca coisa que eu sei, é muita coisa. Posso ferrar a vida do Flávio, posso ferrar a vida do Jair. É por isso que eles têm medo, mandam eu ficar quietinha e tal”, conclui.

 

 

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