Os investigados se encontraram na casa de Marcos Daniel, o Chico Bomba. A mansão é avaliada em R$ 4 milhões
A reunião foi convocada após quatro homens serem alvos da Operação Quinta Coluna, deflagrada em 2 de fevereiro pela PF. Eram eles: o filho de um diplomata italiano, Michelle Tocci, conhecido como Barão do Ecstasy; Marcos Daniel Penna Borja Rodrigues Gama, o Chico Bomba; Augusto César de Almeida Lawal, o Guto; e Márcio Moufarrege, vulgo Macaco.
Os investigados teriam marcado na casa de Marcos Daniel, um imóvel de luxo avaliado em R$ 4 milhões. A “conferência” do crime ainda contou com a participação de Alexandre Fuão, um amigo do grupo. Na ocasião, os homens debateram e chegaram à conclusão de que ao menos duas pessoas poderiam ter feito denúncias anônimas à corporação federal.
Os nomes dos dois supostos delatores foram colocados na mesa e o quinteto decidiu “passar” (matar) ambos. Eles chegaram a garantir que a informação sobre a identidade dos denunciantes era fidedigna, pois “uma fonte, um policial civil” havia confirmado. Esse mesmo servidor ainda teria alertado um advogado do grupo sobre as denúncias recebidas por outra corporação.
Apesar da mobilização da rede criminosa, os homicídios não chegaram a ocorrer.
Conforme o Metrópoles revelou, em 18 de outubro deste ano, as investigações da PF resultaram na prisão de Chico Bomba. Os agentes e delegados colheram provas de que ele estava ameaçando testemunhas. Ele pode responder pelos delitos de tráfico internacional de drogas e associação para o tráfico, com penas que chegam a 30 anos de prisão.
Em fevereiro de 2021, a reportagem teve acesso a trechos do inquérito que culminou na Operação Quinta Coluna. Os documentos detalham como os criminosos se associaram a militares com o objetivo de transportar entorpecentes à Europa.
Chico Bomba seria o chefe da quadrilha especializada em tráfico internacional, que contou com integrantes da FAB para levar cocaína a outros países.
Gama é apontado como um dos donos da droga encontrada na mala do sargento Manoel Silva Rodrigues, em 2019. O flagrante foi realizado durante uma escala em Sevilha, na Espanha. O militar estava a bordo de uma aeronave de apoio à comitiva do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que viajava ao Japão para a reunião da cúpula do G20.
Lavagem de dinheiro
O narcotraficante também tem negócios que, de acordo com a Polícia Federal, serviriam para lavagem de dinheiro. É sócio da Premier Academia Ltda., localizada na Asa Sul; da Belix Incorporações, na Asa Norte; e da PCL Serviços Administrativos, em Santa Catarina. As empresas foram alvo da PF.
Segundo informações da Receita Federal do Brasil, há duas propriedades milionárias no nome de Chico Bomba, uma de R$ 1,6 milhão e, outra, avaliada em R$ 2,3 milhões. Por Mirelle Pinheiro e Carlos Carone / Metrópoles