Sem citar nominalmente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) ou qualquer outro postulante ao Palácio do Planalto, o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso (PSDB) defendeu em nota divulgada nesta quinta-feira
um “voto pró-democracia” no primeiro turno das eleições.
“Peço aos eleitores que votem no dia 2 de outubro em quem tem
compromisso com o combate à pobreza e à desigualdade, defende direitos iguais
para todos independentemente da raça, gênero e orientação sexual, se orgulha da
diversidade cultural da nação brasileira, valoriza a educação e a ciência e
está empenhado na preservação de nosso patrimônio ambiental, no fortalecimento
das instituições que asseguram nossas liberdades e no restabelecimento do papel
histórico do Brasil no cenário internacional”, afirmou na nota.
Fernando Henrique, que está com 91 anos, citou também no
documento sua “idade avançada” e disse que, embora não tenha problemas graves
de saúde, “já não tenho mais energia para participar ativamente do debate
político pré-eleitoral”.
O PSDB, partido do qual FHC é presidente de honra, não tem
candidato próprio ao Planalto neste ano –a primeira vez que isso ocorre em sua
história–, mas está na chapa da presidenciável do MDB, Simone Tebet, com a
senadora Mara Gabrilli como candidata a vice.
Fernando Henrique, que declarou ter anulado o voto no segundo
turno da eleição de 2018 entre Jair Bolsonaro (então no PSL e atualmente no PL
e candidato à reeleição) e Fernando Haddad (PT), disse que votaria em Lula num
eventual segundo turno entre o petista e Bolsonaro no pleito deste ano.
Pessoas próximas ao tucano, como o ex-senador Aloysio Nunes
Ferreira e o diretor-geral da Fundação FHC, Sergio Fausto, declararam voto em
Lula no primeiro turno.
Bolsonaro é visto por adversários como uma ameaça à
democracia por causa dos constantes ataques que faz ao Judiciário e ao sistema
eleitoral e já insinuou que pode descumprir decisões judiciais e não aceitar o
resultado da eleição caso saia derrotado. Ele também já disse que as leis devem
proteger a maioria e não minorias e, durante seu governo, afrouxou a
fiscalização ambiental.
Durante a pandemia de Covid-19, Bolsonaro também defendeu
remédios comprovadamente sem eficácia contra a doença e fez declarações
contrárias à vacina. Afirma, inclusive, não ter se imunizado contra a Covid.
Lula, o PT e aliados têm buscado impulsionar o voto útil no
petista já no primeiro turno, na tentativa de liquidar a fatura no dia 2 de
outubro.
Pesquisa Ipec divulgada na segunda mostrou o petista com mais
de 50% das intenções de votos válidos, quando se excluem brancos e nulos,
patamar necessário para encerrar a disputa sem a necessidade de uma nova
votação em 30 de outubro.