Reunião corria solta na casa do presidente da Câmara, Arthur Lira, mas o rebento do ex-presidente extremista, no local, não queria ser visto. Ele teria sido até ameaçado por deputados
Nas horas que se seguiram aos atos terroristas tresloucados levados a cabo por bolsonaristas em Brasília, no último domingo (8), em que o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) foram parcialmente destruídos, o clima pesou e a atividade política foi intensa na capital federal. Enquanto a Polícia Federal (PF) dava início às perícias, o governo contabilizava os dados da devastação e o povo brasileiro assistia atônito à selvageria dos radicais de extrema direita, os deputados federais se reuniam na residência oficial do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
Os carros trazendo os parlamentares não paravam de chegar e todos se reuniam na sala principal do imponente imóvel público cedido ao chefe da Câmara. No entanto, um deles estava presente no local e se mantinha escondido numa espécie de antessala, nervoso e temendo ser visto pelos colegas: Eduardo Bolsonaro (PL), filho 03 do ex-presidente extremista Jair Bolsonaro (PL), que antes mesmo do fim de seu mandato fugiu para os EUA. O relato é da colunista Bela Megale, do diário carioca O Globo.
Segundo informa o artigo, Eduardo não queria ser visto, com receio de ser hostilizado pelos demais deputados, já que seria notária a participação de sua família no intento criminoso que chocou o país. Ele estava lá para ter uma conversa privada com Lira, que durante os quatro anos do mandato caótico de seu pai foi um alinhado ferrenho da retórica ultrarreacionária do clã.
Apenas alguns parlamentares que passavam pelo local reservado teriam percebido a presença do deputado extremista, que teria ouvido de um deles que “deveria ter cuidado com seu mandato”, numa clara referência a uma futura punição por ter patrocinado, junto com pai, irmãos e aliados, da tentativa de golpe. De caráter “valentão”, o acuado e assustado parlamentar filho do ex-chefe de Estado que abandonou o posto teria reagido perguntando ao interlocutor que o ameaçava se ele “estava maluco”.