Documento da Central de Inteligência, Vigilância e Tecnologia em Apoio à Segurança (Cevitas) detalha planejamento que era feito em uma rede social
Multidão acompanhou show de Lady Gaga na orla de Copacana — Foto: Custódio CoimbraDetectada inicialmente pelo serviço de inteligência da Polícia Civil no último dia 24, a informação de que um grupo usava uma rede social para planejar a execução de um atentado com coquetéis molotov no show da cantora Lady Gaga, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, também foi recebida, quatro dias depois, pelo Disque-Denúncia(2253-1177) e pela Central de Inteligência Vigilância e Tecnologia em Apoio à Segurança (Cevitas) da Prefeitura do Rio. Segundo um relatório deste último órgão, agentes chegaram a se infiltrar entre os participantes de uma plataforma, onde o ataque era planejado. De acordo com o documento, a intenção do grupo era a de usar na investida armas incendiárias e explosivos artesanais.
O relatório menciona ainda que a ação ocorreria com
explosivos improvisados em mochilas e que menores estariam entre os envolvidos
no ataque. O principal meio de comunicação e de articulação do grupo, formado
na maior parte por adolescentes e jovens, eram conversas que aconteciam pela
plataforma Discord. O documento diz que as tratativas ocorriam em comunidades
focadas em conteúdo transgressivo e comportamento tóxico. Também há menção de
que perfis usavam a rede social para discursos de ódio e apologia à violência.
Fãs lotaram a Praia de Copacabana para assistir ao show de
Lady Gaga — Foto: Domingos Peixoto
O documento feito pelo Civitas foi encaminhado à Polícia
Federal (PF) com a conclusão de que seria necessária uma ação preventiva para
neutralizar o ataque. Nesta segunda-feira, durante entrevista coletiva no
Centro Integrado de Comando e Controle(CICC) da Secretaria de Segurança
Pública, o secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, disse que a
polícia já havia iniciado as investigações sobre o grupo suspeito de articular
o ataque, quando a pasta recebeu a denúncia enviada pelo Disque-Denúncia.
— A gente tem várias fontes de inteligência. Posteriormente,
nós recebemos um Disque-Denúncia ratificando isso (a informação recebida pela
inteligência). A gente já estava há dez dias com esta informação vinda da nossa
própria inteligência. A partir daí começamos a destrinchar, a verificar esta
informação com as quebras de sigilo requeridas à Justiça — explicou Felipe
Curi.
Após identificar oito suspeitos, a Polícia Civil deflagrou,
na manhã de sábado, a" Operação Fake Monster" para cumprir mandados
de busca e apreensão em 15 endereços ligados aos participantes da plataforma.
Eles teriam como foco principal das conversas o ataque contra o público
LGBTQIA+ durante o show da cantora Lady Gaga. Um homem, de 44 anos, apontado
como chefe do planejamento, foi preso no Rio Grande do Sul com uma arma. Um
adolescente, de 17, que seria um dos coordenadores do grupo, foi detido no Rio
de Janeiro. Os dois foram ouvidos pelos investigadores e seguem sendo
investigados.
Nesta segunda-feira, a Polícia Civil do Rio de Janeiro
confirmou que o homem preso já está em liberdade.
O show da cantora Lady Gaga transcorreu normalmente, na noite do último sábado, e o planejamento do ataque foi desarticulado com as realizações das prisões. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, o secretário Felipe Curi também pontuou que a investigação terá novos desdobramentos a partir da análise do material apreendido com os suspeitos, que inclui celulares e notebooks.