Com inflação em queda, mas produtos ainda caros, vizinhos recorrem a mercados e lojas brasileiras
“Os produtos aqui saem pela metade do preço em relação à
Argentina. Compro tudo, sabão em pó, arroz, bolacha”, conta a contadora
Florencia Del Bove. No carrinho, itens básicos como macarrão, óleo e leite,
além de eletrodomésticos como air fryer. O leite, por exemplo, custa R$ 3,80 no
Brasil, enquanto na Argentina chega a R$ 9.
Além dos moradores locais, pessoas de cidades mais distantes
também cruzam a fronteira. Inés Sanchez, de Mercedes, viajou quase duas horas
até Uruguaiana para comprar itens para sua padaria e para casa. “Muita gente de
Mercedes está vindo para cá fazer compras”, diz.
O fluxo crescente impactou a economia local. O número de
argentinos entrando no Brasil saltou 58,3% em dezembro de 2024, segundo o
Observatório das Migrações Internacionais. Só pelo Rio Grande do Sul, 93 mil
argentinos entraram no país, o dobro do registrado um ano antes.
Do lado argentino, comércio vazio
A mudança também afetou o comércio argentino. Em Paso de los
Libres, lojas esvaziaram e frentistas relatam a drástica redução da clientela
brasileira, que antes buscava combustível barato na Argentina. A gasolina, que
custava cerca de R$ 2 por litro em 2023, subiu para R$ 5,90, reduzindo o
movimento nos postos.
Já no Brasil, supermercados e free shops de Uruguaiana viram
as vendas dispararem. O comércio se adaptou, contratando funcionários
argentinos e aceitando pesos. Alguns motoristas passaram a oferecer serviço de
transporte para compras, enquanto outros lucram com o contrabando de
eletrodomésticos e utensílios domésticos.
“Espero que continuem vindo gastar aqui, porque estamos
felizes”, diz Lidiane Zárate, gerente de um free shop.
Da Redação