Ex-ministro da Educação e pré-candidato do PMB ao governo de São Paulo ainda mora nos Estados Unidos e avalia vitória petista ao Planalto
Nome do PMB ao governo de São Paulo, o ex-ministro da
Educação Abraham Weintraub ainda mora nos Estados Unidos. Em entrevista ao
GLOBO, ele vê vista grossa do Planalto para corrupção e propõe cercar bairros
contra violência .
O senhor tem cerca de 1% das intenções de voto nas pesquisas,
enquanto Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem por volta de 10%. Como pretende
conquistar o eleitorado que está com ele hoje?
Se me deixarem entrar na disputa, eu consigo apresentar meus
argumentos e me sobressair. No debate, eu contra ele (Tarcísio), contra
(Fernando) Haddad, contra (Márcio) França, eu desmascaro todos eles. Eu tinha
15%, aí veio uma campanha do Centrão para esvaziar o meu nome e inviabilizar a
minha candidatura.
Essa campanha veio do Centrão ou do presidente Jair
Bolsonaro?
Do Centrão. O Tarcísio tem ligações com eles muito fortes.
Estão preocupados porque onde eu estiver não tem negócios com o Centrão.
Faltam menos de cinco meses para as eleições e o senhor ainda
está nos EUA. Isso não prejudica sua pré-campanha?
Estou só acertando os últimos detalhes da burocracia do visto
de residência. Em semanas, estou no Brasil.
O senhor ainda não conseguiu um partido aliado sequer. Não
enfraquece a candidatura?
A gente está conversando com outros partidos pequenos. A
gente não quer associar a imagem do nosso movimento com nada ou ninguém que
tenha corrupção na parada. E acho que tem uma parcela da população atenta a
esse movimento. Na hora que eles identificarem a inviabilidade do Tarcísio de
ganhar a eleição... Acho que ele não vai ganhar a eleição, vai perder. E eu
acho que mais para frente o pessoal vai começar a ficar com receio de o próprio
Bolsonaro não se reeleger. E isso vai ligar um sinal de alerta, as pessoas vão
procurar uma linha de defesa, montar uma resistência ao totalitarismo do PT.
O PT derrotar Bolsonaro. É esse o cenário que o senhor espera que aconteça?
Eu diria que esse cenário é o mais provável hoje.
Infelizmente, o presidente Bolsonaro não deve se reeleger, e o Lula deve ser
presidente. Daqui até a eleição as coisas só vão piorar na parte econômica, e
na parte política vão aparecer mais escândalos. O presidente perdeu uma parte
significativa da militância, porque todo aquele ideário foi para o ralo, de não
negociar com pessoas acusadas de corrupção. Não se fala mais em “a verdade vos
libertará”. Hoje é “psiu, não conta se não o PT volta”.
O senhor chegou a dizer que não confia mais no presidente,
mas que vai votar nele num segundo turno. Fará campanha para ele?
Não, porque não confio mais, mas sempre vou votar contra o
Lula. Não anulo voto.
O senhor vê o presidente como honesto?
Eu não acho que ele tenha pego nada para ele na física
(materialmente). Mas isso só não basta. Ser honesto é diferente de ser
conivente. Acho que ele está vendo os caras aprontarem, não é possível.
O senhor integrou um governo armamentista. O que defende para
a Segurança?
Na Segurança, defendo fechamento de bairros e ruas para os
moradores poderem, dentro dessas áreas de controle de circulação, levar uma
vida mais normal, com menos violência. Isso vai reduzir a criminalidade nas
áreas que quiserem (implementar o cerco), não é obrigado. Cercear um pouco o
trânsito através da identificação de quem entra e sai não vai impactar o
trânsito da região. Se o morador não quiser, não precisa fechar.
E se todos os bairros quiserem? Qual seria o custo disso?
Quantos agentes envolvidos?
É fechar o que dá, e para quem quiser. Não dá para fechar áreas com grande fluxo de pessoas. Não vou fechar a Avenida Paulista. É mais na periferia que a gente vai fechar os bairros.
Isso não resolveria a criminalidade.
Eu quero salvar o máximo de pessoas no curto prazo. Eu não
quero esperar uma solução para todos. Se a pessoa tem condição de se salvar
sozinha, está autorizada, vai e se salva, ela e sua família. A esquerda quer o
quê? Enquanto não resolver de todo mundo, ninguém pode ter (segurança)?
Como o senhor pretende lidar com a questão da Cracolândia?
Temos que dar os recursos para a pessoa ser resgatada. Tem um
monte de imóveis vazios, você pode dar um quarto e um banheiro para o cara, e
aí dar um tratamento, acompanhar o cara. E precisa ter um responsável por ele.
Não falta “ongueiro” aí. Com o traficante, é combate ao crime. Tem que cortar o
fluxo financeiro.
A sua passagem pelo MEC ficou marcada pela reunião em que o
senhor disse que “botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF”.
Pretende manter essa postura?
Tenho problema com quem quer privilégio. Com a instituição
(Judiciário), tenho zero. Eu não troco um juiz concursado por um indicado
politicamente numa Corte superior.