Um vídeo divulgado mostra a servidora do Ministério da Saúde revelando que contava com a ajuda de senadores da CPI da COVID
Senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da COVID(foto: Pedro França/Agência Senado)A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID no Senado Federal retoma os trabalhos nesta segunda-feira (2/8) após duas semanas de recesso. O presidente, senador Omar Aziz (PSD-AM), deu uma entrevista ao Estado de Minas e garantiu que na volta vai cobrar dos demais integrantes sobre as alegações da servidora do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, de que cinco parlamentares a ajudariam a induzir respostas que ela esperava.
Foi divulgado um vídeo em que a secretária da Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, conhecida como "Capitã Cloroquina", revela que alguns senadores da comissão a ajudariam durante seu depoimento na CPI. Ela depôs em 25 de maio.
"Se o senhor puder fazer três ou quatro perguntinhas que os 'deputados' podem me fazer. Tem um grupo que nos apoia, que reconhece o nosso trabalho. Esse grupo precisa fazer perguntas, no direito que eles têm de interrogar o depoente, que nos ajudem no nosso discurso. Que perguntas posso dar a esses senadores fazerem a mim, que eles chutam para eu fazer o gol? Eles chutam para eu fazer o gol", diz a Mayra no vídeo.
Após essa revelação, os senadores da CPI se reuniram durante o recesso e pediram o afastamento da servidora do Ministério da Saúde. “É um negócio sem compreensão. Eu acho que a gente tem que rever todo depoimento dela, porque não posso tirar conclusões de quem são esses cinco senadores. Tem que ter cautela e não posso ser irresponsável. Mas a gente vai cobrar isso, com certeza, na terça. A primeira coisa é saber quem são os senadores”, garante Aziz em entrevista ao Estado de Minas.
“Acho que os senadores que se prestaram a fazer isso, é ruim para eles, para a história deles e para o mandato deles. Com certeza não foi para mim que ela ia dar pergunta, tenho certeza de que não era para o Renan [Calheiros, relator], ou o Randolfe [Rodrigues, vice-presidente] e outros colegas que não se submeteriam a este tipo de comportamento”, acrescenta o presidente da CPI.
Aziz aponta que essa confissão de Mayra é crime e os senadores que se submeteram a este esquema também podem responder por isso.
Processo
A servidora protocolou no Tribunal de Justiça do Distrito Federal na última segunda-feira (26/7) um pedido de indenização de R$ 100 mil por danos morais contra o presidente da CPI, Omar Aziz.
O pedido é, segundo a advogada Rafaela Pinheiro Barbosa, motivado pelo fato de Aziz ter se referido à secretária de uma forma depreciativa em entrevistas, chamando-a de desqualificada e pedindo a sua demissão do Ministério da Saúde. O pedido também se refere ao fato de ter ocorrido vazamento do e-mail de Mayra Pinheiro, que teve o sigilo quebrado após determinação da CPI.
Omar Aziz ironiza: “Talvez ela tenha me entregado uma pergunta e eu não fiz a ela”. “Qual foi a conduta que eu tive em relação a ela? Eu disse que ela usou o Amazonas como cobaia e afirmo aqui. Em momento algum fui deselegante com ela. Agora, se ela tá achando que vai na CPI vender beleza está equivocada. Ela está ali como investigada, como testemunha. Ela tem que responder às perguntas dos senadores, mas foi e omitiu a verdade várias vezes”, responde o presidente da comissão.
Ele ainda alega que vai entrar com um processo contra Mayra por calúnia. “Em relação a isso eu espero que a Justiça tome essa decisão logo porque eu vou entrar com um processo de calúnia contra ela porque a Mayra tenta inverter. Se alguém cometeu um crime nesse processo, nessa pandemia, tenha certeza que não fui eu. Foi ela que cometeu e ela vai ser indiciada, vai responder a processo e eu espero que antes da justiça divina, a justiça dos homens possa puni-la”, afirma.
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